Deve usar pneus de inverno em Portugal?

Um floco de neve à frente de uma montanha de três picos representa estar-se perante um pneu de inverno, o que significa que os rodados, que também exibem o símbolo M+S, para se circular seguro em lama e neve, foram sujeitos a testes rigorosos de frio, chuva, gelo e neve e passaram com distinção. Mas, em Portugal, um país maioritariamente de clima mediterrânico, compensará o investimento sazonal?
Para perceber se de facto vale a pena trocar para uns pneus de inverno quando a respetiva estação chega é necessário conhecer as vantagens de ter uns montados no seu veículo, a começar pela segurança: abaixo dos 7ºC, os pneus adaptados para todas as estações ou mais apropriados para o tempo ameno revelam algumas fragilidades – com o frio, a borracha torna-se mais dura e a aderência é posta em causa.
E, já se sabe: quando a eficácia dos pneus fica comprometida também a segurança é posta em causa. Já o composto usado nos pneus de inverno aguenta temperaturas baixas dado que a borracha, macia, é capaz de se adaptar melhor ao traçado, sem perder flexibilidade, tração, aderência e motricidade.
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Também o desenho do próprio pneu de inverno é mais eficaz em piso molhado, permitindo evitar os perigos associados à aquaplanagem, ao escoar a água. O mesmo acontece com a neve e com o gelo, pisos nos quais tira partido da profundidade dos rasgos, por exemplo, evitando a montagem de correntes.
Claro que não há bela sem senão. Optar por mudar de pneus na estação mais fria implica gastar dinheiro nestes componentes a dobrar. No entanto, há soluções que, ainda que signifiquem uma despesa extra, podem ajudar a simplificar o processo, como arranjar dois conjuntos de jantes e montar os diferentes pneus nas mesmas: assim, bastará mudar as rodas a cada mudança de estação.
Portugal, clima ameno?
A ideia de que Portugal usufrui de um clima ameno é comum a muita gente. No entanto, muitos esquecem a quantidade de território montanhoso ou que, no pico do inverno, adormece diariamente sob um manto branco: de neve ou apenas de gelo.
E, se se tiver em conta que as características da borracha começam a sofrer alterações com os referidos 7ºC ou menos, é de tomar nota que em grande parte do país, nos meses mais frios, as temperaturas negativas são comuns.
Por isso, apesar de Portugal ter um Algarve, onde raramente se sente o frio até aos ossos ou onde em fevereiro é possível fazer praia, também tem uma Serra da Estrela, pintada a branco e com estradas cortadas. Ou seja, para quem resida, por exemplo, nalguma localidade da Beira Interior ou de Trás-os-Montes e Alto Douro e faça nestas regiões a maioria dos seus trajetos rodoviários é muito possível que a opção por pneus de inverno, ou mesmo por um carro com tração integral, seja a melhor.
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Já para quem habite noutra região, ou mesmo para quem tenha de percorrer o país regularmente, uma solução intermédia pode ser a mais indicada: pneus para todas as estações, capazes de se adaptarem a qualquer temperatura ao longo do ano: seja em piso seco, seja em gelo ou em traçado molhado, mesmo com temperaturas extremas, estes pneus cumprem em termos de segurança.
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Mas, atenção! Apenas cumprem os requisitos. Um pneu para todas as estações não será tão bom em nenhuma situação quando um feito à medida: a aderência a um piso seco não será tão boa como a de um pneu de verão e o poder de tração em neve será inferior ao de um de inverno. Porém, numa condução regular mal se dá por estas desvantagens. Já o contra mais visível é o facto de serem mais caros do que os pneus de uma só estação.
Resumindo, a opção por montar este tipo de pneus versáteis dependerá muito do tipo de carro que se tem. Num utilitário pouco potente será provavelmente um desperdício de dinheiro; num desportivo, cheio de cavalos para usar, será quase de certeza uma acertada decisão.
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