A Tesla é hoje uma marca consolidada no mercado global e uma referência no mundo dos carros elétricos, sendo ainda quase sinónimo de Elon Musk. Mas, nem sempre foi assim: a história da Tesla, batizada em honra de Nikola Tesla (1856-1943), inventor croata conhecido pelas suas contribuições para a conceção do moderno sistema de fornecimento de eletricidade em corrente alternada, começou sem Musk e é feita de altos e baixos, curvas e contracurvas.
Da NuvoMedia à Tesla
Tudo começou ainda no século XX, em 1997, quando os engenheiros Martin Eberhard e Marc Tarpenning criaram a empresa NuvoMedia, responsável por um dos primeiros e-readers, o Rocket, que lhes granjeou sucesso e fortuna. De tal maneira que, apenas três anos depois, os dois sócios venderam a NuvoMedia por 187 milhões de dólares (atualmente, corresponderia a mais de 250 milhões de euros).
Com tal maquia, Eberhard e Tarpenning começaram a sonhar com a criação de um negócio, na época, extremamente inovador e que passava por fabricar carros amigos do ambiente. Nascia, assim, em 2003, a Tesla Motors, em Palo Alto, na Califórnia. É certo que o nome se inspirava no inventor associado à eletricidade, mas nesta fase os dois engenheiros estavam abertos a qualquer fonte de energia, desde que limitasse as emissões de CO2 e demais gases poluentes: ponderaram o gás e até o hidrogénio.
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No entanto, fosse qual fosse o tipo de energia, a dupla esbarrava em dois problemas difíceis de ultrapassar: o desinteresse do mercado e a capacidade limitada das baterias, que não eram capazes de oferecer autonomias razoáveis, não contribuindo para atrair clientes.
A entrada de Elon Musk na Tesla
E, à medida que estudavam e desenvolviam o seu negócio, o dinheiro parecia fugir-lhes entre os dedos. É aqui que surge Elon Musk, que já tinha o seu nome associado a empresas de soluções tecnológicas, como a Zip2, a PayPal, ou companhia de foguetes e exploração espacial SpaceX, mas até então era mais conhecido por ter fortuna do que propriamente pelos seus feitos. E foi precisamente o dinheiro de Musk que salvou a Tesla Motors: o filantropo, nascido na África do Sul, investiu na empresa 7,5 milhões de dólares e tornou-se presidente do conselho de administração.
No entanto, a entrada de Elon Musk não tem apenas impacto na saúde financeira da empresa. É Musk que começa a debater o design, voltando-o para o que se viria a tornar. Mas havia muito a desenvolver num protótipo que oferecia uma tecnologia desenvolvida do zero ou adaptada pela própria empresa. Em 2005, uma parceria com a Lotus também se revela decisiva.
O T-Zero, revelado em 2006, já usava baterias de iões de lítio.
De qualquer das formas, já havia a base para uma versão de produção em massa, ainda que limitada. Porém, foi preciso que entrasse na equação o israelita Ze’ev Drori, que assume o papel de CEO em 2007 com a missão de lançar a Tesla para a estrada.
E consegue-o: a estreia comercial da Tesla dá-se com o Roadster, em 2008, do qual foram produzidas 2600 unidades até 2011.
De corpo desportivo, o Tesla Roadster apresentou-se como um carro 100% elétrico, capaz de percorrer até 350 quilómetros com uma única carga. Em termos de performance, acelerava de 0 a 100 km/h em 3,9 segundos. Mas a imprensa especializada não se deixou encantar: o programa Top Gear, por exemplo, teceu uma avaliação que destruía o automóvel (de tal maneira que a Tesla processou a BBC, mas perdeu).
A chegada do Tesla Model S
O segundo veículo proposto pela Tesla, o Model S, melhora em termos de design, tendo dedo de Franz von Holzhausen, pai do visual do Novo Beetle. Desta vez, a companhia aposta num sedan e a bateria apresenta-se com o dobro da capacidade do pioneiro Roadster. Velocidade máxima: 250 km/h. A apresentação ocorre em 2009, mas o automóvel só veria a luz do dia em 2012 – tudo por causa da crise financeira que se abateu sobre os mercados.
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Paralelamente, começavam a surgir defeitos que ameaçavam a segurança dos veículos: em 2009, foi feito um recall de 345 Roadsters por problemas no sistema de parafusos das rodas traseiras. Mas, ao mesmo tempo que os problemas davam dores de cabeça, a Tesla também tinha motivos para celebrar: além de registar lucro, consegue uma parceria com dois importantes grupos no mundo automobilístico, Daimler e Toyota.
Por esta altura, dos originais fundadores só restava a história: Eberhard saiu em contenda com Musk, ao mesmo tempo que Tarpenning se desligava da empresa.
Apresentação do Tesla Model X
Em 2012, dá-se um ano de viragem: em simultâneo com o lançamento do Model S, a Tesla anunciava o Model X, que viria a lançar em 2015, dando resposta a uma procura cada vez maior por carros de tipo SUV e oferecendo sete lugares. Por esta altura, a Tesla já tinha conseguido montar estações de recarga suficientes para permitir uma viagem que ligasse as duas costas dos EUA.
No entanto, nem tudo eram rosas, e os problemas de segurança subsistiam: foi em 2012 que se dá o incêndio de um Tesla Model S, depois de um embate noutro veículo; outros seis incidentes foram registados no mesmo ano, levando à queda das ações, apenas travada pelas várias atualizações de software dos sistemas de segurança.
No entanto, o forte abalo faz com que a Tesla seja quase vendida à Google. O negócio em cima da mesa envolvia o pagamento de 6 mil milhões de dólares, mas acabou por ir por água abaixo.
Em 2015, um novo fôlego: o Model X começa a chegar aos novos clientes e o Model S ultrapassa a ambicionada fasquia das 100 mil unidades vendidas. Entre as novidades, os carregadores domésticos que permitem carregar o automóvel e armazenar energia para usar como gerador e o Autopilot, o sistema de condução semiautónoma que recorre a um conjunto de câmaras e sensores para assumir as funções do condutor.
A chegada do Model 3
Dois anos depois, surgiu o que se arrisca a tornar-se o mais popular dos Tesla: o Model 3, um hatchback compacto elétrico, que, na versão Dual-motor, conta com dois motores, um em cada eixo, que lhe proporcionam tração integral (há também versões de tração traseira).
Resta saber o que o futuro reserva à Tesla, quando toda a indústria acelera na eletrificação. No entanto, ao que parece, há um modelo que já desperta a curiosidade dos amantes da Tesla, o Cybertruck, uma pickup de linhas futuristas, cujo preço base nos EUA será de menos 40 mil dólares (cerca de 34 mil euros).
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