A unidade de Mangualde da Stellantis vai ser a primeira em Portugal a fabricar veículos 100% iniciou. A fábrica portuguesa, adianta o grupo em comunicado, assegurará a produção de oito modelos 100% elétricos nas versões de passageiros e comerciais ligeiros dos modelos Citroën ë-Berlingo e ë-Berlingo Van, Peugeot E-Partner e E-Rifter, Fiat e-Doblò e Opel Combo-e para os mercados doméstico e de exportação.
A produção tinha sido anunciada há um ano, com o objetivo de arrancar em 2025, mas o esforço conjunto, destacou o diretor da fábrica, Christian Teixeira, acabou por antecipar o início das operações. Em declarações aos jornalistas, no final de uma cerimónia que, nesta terça-feira, 1 de julho, marcou o arranque da produção dos veículos e que contou com as presenças do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e do ministro da Economia, Pedro Reis, o CEO do grupo, Carlos Tavares, disse não ter previsões de quantos sairão da fábrica anualmente, porque “isso depende totalmente do caderno de encomendas; os clientes é que decidem”.
Serviço Nacional de Saúde encomendou 719 automóveis
“Hoje festejámos uma delas”, afirmou o responsável, referindo-se à encomenda de 719 automóveis destinados ao Serviço Nacional de Saúde. Mas, segundo Carlos Tavares, citado pela Lusa, como se viu na Alemanha e na Itália, o caderno de encomendas “está totalmente dependente dos subsídios que os governos europeus quiserem dar à classe média para comprar veículos elétricos”.
“O caderno de encomendas de um negócio europeu como o nosso geralmente anda à roda dos três meses. Eu tenho uma ideia muito clara dos carros que vou produzir nos próximos três meses e posso dizer que, a nível europeu, o nosso “mix” de vendas de veículos elétricos está na ordem dos 12 a 14% das vendas totais. A nível desta fábrica depende das encomendas que vamos receber”, frisou.
Apesar da produção dos eléctricos já ter arrancado, para já, saem da linha de Mangualde pré-séries para testes; a produção de veículos para o mercado só se iniciará em outubro. No entanto, o CEO da Stellantis está confiante: “Quando temos uma encomenda de 719 veículos para o SNS, vamos tentar fazer os 719 veículos de uma só vez, uns atrás dos outros. Durante um certo tempo vamos fazer só veículos elétricos”, referiu. Mas com cautela: “Na Europa, atualmente, logo que há corte nos subsídios aos veículos elétricos, os consumidores europeus param de encomendar veículos elétricos.”
Produção superior a 80 mil veículos por ano
Em Mangualde, a Stellantis está equipada “para fazer de zero a 100% de veículos elétricos”, afirmou Carlos Tavares, avançando que, este ano, a fábrica deverá “bater mais um novo recorde de produção, na ordem dos 87 mil veículos”, acima dos 82 mil do ano passado.
Carlos Tavares explicou aos jornalistas que a fábrica de Mangualde “tem demonstrado uma performance excelente em termos de qualidade e de custo” e tem “uma linha de montagem muito flexível”. Ou seja: “Ou montamos um chassi térmico por baixo do carro ou um chassi elétrico. A nível de linha de montagem a flexibilidade é quase total.”
O investimento em Mangualde decorre do facto de a Stellantis liderar uma das agendas mobilizadoras para a inovação empresarial com o projeto “GreenAuto”, que reúne um consórcio de 37 entidades parceiras e que representa um investimento conjunto de 119 milhões de euros.
A unidade de Mangualde teve transformações significativas na sua área industrial, destacando-se as realizadas na criação de uma nova linha de montagem de baterias, que promoveu a total modernização de uma área com mais de 800 metros quadrados. Esta nova zona, implementada no setor da montagem, permitiu a criação de 63 novos postos de trabalho.
“Fizemos esta escolha porque achamos que a fábrica de Mangualde tem um grande potencial em qualidade, uma boa competitividade de custos, que neste momento até é melhor do que a de Vigo”, disse Tavares, sublinhando o facto de a fábrica portuguesa estar no top-3 das melhores do grupo.
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