A Skoda já tem no seu portfólio várias propostas eletrificadas ou até 100% elétricas. No entanto, há vários modelos que a marca checa quis que ficassem imunes à eletricidade, pelo menos, para já, e o Kamiq é um deles.
Mas será que a junção dos motores a gasolina bem conhecidos e testados do grupo Volkswagen, a uma carroçaria SUV, que é cada vez mais a preferida dos portugueses, são suficientes para fazer do Kamiq uma escolha Simples e Inteligente, ou será que ainda falta mais qualquer coisa a este B-SUV?
Mostramos todos os detalhes do Skoda Kamiq em mais um ensaio do Standvirtual.
O segmento B-SUV é um dos preferidos do mercado português, e onde constam nomes sonantes de vendas como o Peugeot 2008, o Ford Puma ou o Renault Captur.
O Kamiq, apesar de não figurar no topo das tabelas em Portugal, sempre foi um dos modelos com maior sucesso da marca checa no nosso país.
E na verdade, é um SUV muito bem nascido. Assente na plataforma MQB A0, a mesma que dá origem aos Seat Arona e VW T-Cross, e com quem o Kamiq partilha vários componentes, o Kamiq faz uso da sua estética tipicamente Skoda como argumento de combate.
Com linhas bastante sóbrias e elegantes, aos quais se soma algum modernismo inspirado nos mais recentes Enyaq ou Otavia, o Kamiq desta-se sobretudo pelos grupos óticos bipartidos e pelas grelha frontal pronunciada e com grandes dimensões.
Na lateral, percebemos que o Kamiq se mostra como um familiar pronto para a vida na cidade, mais do que propriamente para aventuras fora dela. A altura ao solo é simpática, mas não são visíveis os traços típicos característicos de alguns SUV que o fazem querer parecer mais radical do que realmente é, conseguindo por isso ter uma imagem bastante mais limpa, e sóbria.
A traseira do Kamiq poderia perfeitamente ser a representação do slogan da marca: simples e inteligente, com linhas modernas, mas a apostar mais em ser prática do que em querer chamar demasiado à atenção.
Interior
No interior, encontramos um ambiente agradável, em particular nesta versão Monte Carlo, onde o Kamiq se esforça por vestir uma capa mais desportiva e especial. Os materiais são maioritariamente de toque rijo, mas contam com uma montagem sólida na sua maioria.
Mas aqui dentro, sobretudo, encontramos espaço. Muito espaço. Ou não fosse este um dos reis do segmento neste capítulo.
A bagageira oferece 400L de capacidade, e por exemplo, atrás, iguala o SUV intermédio do construtor, o Karoq, tanto em espaço para pernas como em altura, contando ainda com saídas de ar dedicadas para esta zona.
Sem esquecer também o conceito “Simply Clever” no interior, o Kamiq apresenta soluções práticas e úteis para o dia-a-dia, e sem comparação no mundo automóvel, em particular, neste patamar de preço, como são tradição o espaço para o guarda-chuva na porta do condutor, ou o raspador de gelo na tampa de combustível.
Além de evoluções mecânicas, a atualização do Skoda Kamiq em 2024 trouxe também nova tecnologia. O sistema multimedia conta de série com um ecrã de 8’’ e possibilidade de contar com Apple CarPlay e Android Auto sem fios, mas a título opcional pode ser aumentado para um ecrã com 9,2’’ polegadas, com sistema navegação e melhores grafismos.
A segurança foi também reforçada a níveis passivos e ativo, onde passaram a estar disponíveis como opção airbag para os joelhos do condutor e airbags laterais traseiros e vários sistemas de ajudas à condução.
Ao volante
A posição de condução do Kamiq é bastante ergonómica. Vamos sentados numa posição mais alta que o convencional, tradicional nos SUV, mas parece-me que neste Kamiq 2024 a altura do banco cresceu um pouco face à geração anterior, o que nos permite ainda melhor visibilidade.
O volante multifunções, com botões físicos, para agora a ter apenas dois braços e permite bons níveis de regulação, quer em profundidade, quer em altura.
Nota apenas que, em viagens mais longas, a firmeza destas “baquets” possa causar alguma fadiga no corpo, sendo mais eficazes e apropriadas a curtas deslocações, preferencialmente em estradas mais sinuosas, onde cumprem na perfeição a tarefa de “abraçar” o nosso corpo, onde, ainda que não seja essa a natureza do Kamiq.
Esta versão Monte Carlo, muda o Kamiq apenas esteticamente. Não houve mexidas na afinação do chassis, o que seria ótimo para melhor casar a experiência de condução com o este aspeto mais desportivo. No entanto, este modelo prima pelo bom compromisso entre conforto e comportamento, e nota-se que é um B-SUV muito bem nascido.
Em auto-estrada, a estabilidade e os bons níveis de insonorização a bordo são de salientar, até mesmo nas unidades equipadas com motores de 3 cilindros, por vezes mais sonoros.
Quanto às motorizações disponíveis, encontramos 4, mas como referimos, nenhuma eletricamente assistida, nem mesmo com tecnologia mild-hybrid. A Skoda quis manter os preços do Kamiq o mais contidos possível, e além disso, mesmo sem qualquer ajuda, os níveis de emissões destes motores após as melhorias e atualizações a que foram alvo mantém-se bastante abaixo do máximo permitido.
Esta unidade em ensaio equipa o tricilindrico 1.0 de 116cv e caixa manual de 6 velocidades, ainda que este mesmo motor, mas com a caixa automática DSG de dupla embraiagem de 7 relações, seja a opção mais recomendável.
Uma caixa muito suave na troca de marchas, e que transforma com completo a experiência de condução deste automóvel, não só em termos de conforto, mas também em termos dinâmicos, fazendo parecer que estes 116cv são na verdade, bastantes mais.
Quando a consumos, esse caso, a caixa manual, desde que bem utilizada, consegue tornar-se mais poupada. Em ciclo misto e com velocidades estabilizadas minimamente dentro do limite legal, é fácil registar consumos na ordem dos 6L baixos, mas com a caixa automática, esses consumos já sobem para mais perto da casa dos 7L.
A motorização 1.5 de 150cv é exatamente aquela que experimentamos no Skoda Fabia, que a ritmos ponderamos consegue fazer parelha com os consumos deste tricilindrico, uma vez que tem a capacidade de desativar dois cilindros a velocidades de cruzeiro.
No entanto, a opção por esse motor mais possante retira ao Kamiq um dos seus maiores argumentos: o preço.
Os preços do Kamiq iniciam-se nos 26.156€, sendo que as versões com caixa automática iniciam-se nos 28.535€.
Esta versão Monte Carlo, com este motor 1.0 TSI de 116cv inicia-se nos 29.958€, quase 7000€ menos do que a versão 1.5 de 150cv.
Considerações finais
A Skoda decidiu não colocar todos os seus modelos no comboio da eletrificação, mas não os tornou menos competitivos por isso.
Num mundo onde os preços dos automóveis são cada vez mais exorbitantes e as tecnologias cada vez mais complexas, um pequeno SUV familiar com todo este equipamento, com uma tecnologia tão certa e segura, por menos de 30.000€ é, infelizmente, cada vez mais uma visão rara nos dias de hoje.