Todos os anos morrem cerca de 1,3 milhões de pessoas em todo o mundo na sequência de um acidente de viação, do qual resultam ainda entre 20 e 50 milhões de feridos. A conclusão de um estudo abrangente da Organização Mundial da Saúde, publicado em 2018, é contundente com a necessidade de tornar as estradas mais seguras, mas também os carros.
Esta emergência já foi adotada pela indústria automóvel que, nos últimos anos, tem investido milhares de milhões em soluções de segurança ativa e passiva.
Conheça os sistemas de segurança automóvel que salvam mais vidas.
Cinto de segurança
Demorou a chegar ao automóvel, mas a invenção do primeiro cinto de segurança remonta ao século XIX, tendo sido idealizado pelo engenheiro inglês George Cayley com o objetivo de manter os pilotos dentro dos planadores. A patente, porém, foi registada por outro: o norte-americano Edward J. Claghorn, a 10 de fevereiro de 1885, que começou a usá-los nos veículos que usava para transportar passageiros. Mas só em meados da década de 1930 houve testes que levaram a que o setor olhasse para este sistema de segurança como algo relevante, introduzindo cada vez mais esta solução em vários modelos. Em 1954, o sistema chegou às corridas, tornando-se obrigatório pela primeira vez. Ainda assim, apenas segurava o ocupante pela zona abdominal.
A revolução deu-se ainda nesta década, em 1958, quando o sueco Nils Ivar Bohlin, na época a trabalhar para a Volvo, criou o cinto de segurança de 3 pontos, que, além de agarrarem pela barriga, cruzam sobre o peito, mantendo a pessoa “agarrada” ao banco.
Segundo a OMS, o uso do cinto de segurança reduz o risco de ferimentos e mortes entre os ocupantes dos bancos da frente em cerca de 45%, podendo chegar a 50%.
Sistemas de retenção para crianças
Colocar crianças em sistemas de retenção adequados reduz o risco de morte em pelo menos 60%, particularmente para pequenotes com menos de 4 anos. Para miúdos entre os 8 e os 12 anos, os assentos elevatórios podem reduzir o risco de ferimentos em 19% em caso de acidente quando se compara a uma retenção feita apenas com a utilização de um cinto de segurança.
Note-se que, segundo a OMS, os acidentes de viação são a principal causa de morte de crianças e jovens adultos, entre os 5 e os 29 anos. A Associação Para a Promoção da Segurança Infantil Nacional aconselha a tentar manter a posição da criança voltada para trás, sempre que possível, até aos 3 ou 4 anos. O mesmo organismo diz que uma criança com menos de 18 meses nunca deve viajar voltada para a frente.
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Airbag
Um acidente por causa de uma simples pedra na estrada pôs, na década de 1950, o inventor e técnico de engenharia industrial John W. Hetrick a pensar numa maneira de proteger os ocupantes de uma viatura. Nasceu assim a primeira ideia do atual airbag, registado em 1953 como Safety Cushion Assembly for Automotive Vehicles. A partir daí a evolução não se fez esperar e o alemão Walter Linderer desenvolveu com maior precisão o sistema de airbag.
Porém, a almofada de ar ainda não insuflava, na maioria das vezes, a tempo de evitar males maiores. Foi preciso aguardar pelo fim da década seguinte e pelo sensor de impacto inventado por Allen K. Breed. Nascia, assim, o atual airbag e depressa várias marcas começaram a incorporar a almofada acionada por um sistema eletromecânico.
Hoje, os novos carros comercializados na Europa têm de incorporar obrigatoriamente airbags. Importante: a existência de um airbag não dispensa a utilização de cinto de segurança; será, aliás, este bem posto que permitirá evitar efeitos adversos da insuflação do airbag. Nunca se pode instalar um sistema de retenção de criança no banco da frente com o airbag acionado.
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ABS
O ABS é um sistema de travagem antibloqueio que impede que as rodas bloqueiem durante uma travagem, mantendo assim o contacto e a tração das rodas. O seu conceito é antigo (a primeira referência a algo do género remonta ao início do século XX), mas o primeiro sistema do género, totalmente eletrónico, foi desenvolvido para o veloz Concorde, no final da década de 1960.
A invenção do ABS como o concebemos atualmente deve-se ao italiano Mario Palazzetti, na época ao serviço da Fiat: a marca chamou o sistema de Antiskid e vendeu a patente à Bosch, que o rebatizou com o acrónimo ABS. Seguiram-se anos de estudo e desenvolvimento até que, em 1978, o Mercedes-Benz W116 tornou-se no primeiro carro de produção em massa a utilizar o ABS da Bosch – um extra que se tornaria de série em todos os veículos da marca germânica quase uma década depois.
Já a Ford, depois de ter conquistado em 1986 o Carro do Ano Internacional, atribuído pela imprensa europeia de referência, com o Scorpio a apresentar ABS de série, decidiu investir na democratização deste sistema de segurança – e várias outras marcas acabariam por seguir o exemplo.
Uma boa decisão: afinal, um estudo independente do Centro de Investigação de Acidentes da Universidade de Monash, Austrália, concluiu, já neste milénio, que o ABS reduz o risco de colisões múltiplas de veículos em 18%.
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