10 maio 2021

Sistema de quatro rodas direcionais: como funciona

Sistema de quatro rodas direcionais como funciona

É importante não confundir quatro rodas motrizes com quatro rodas direcionais: são coisas diferentes com efeitos bem distintos.

Ainda assim, dispor de um carro com quatro rodas direcionais, também conhecido como eixo traseiro direcional, permite ao condutor usufruir de maior segurança e, ao mesmo tempo, dispor de um veículo fácil de manobrar que associa agilidade a estabilidade.

Cada marca poderá revelar um distinto sistema, mesmo que pertença ao mesmo grupo, como é o caso da Porsche e da Volkswagen. A primeira idealizou um sistema de eixo traseiro direcional assente em dois motores elétricos, dando assim independência a cada roda traseira.

Já a marca mãe do grupo tem uma tecnologia que recorre a um só motor elétrico para comandar ambas as rodas do eixo traseiro. Semelhante sistema é usado pela francesa Renault, cujos veículos com este tipo de tecnologia dispõem de um pivô de articulação nos braços da suspensão e no sistema de barras de direção, acionadas por motor elétrico.

Vantagens do sistema de quatro todas direcionaispneus

Mas o que faz na prática? Independentemente do sistema implementado, o que as quatro rodas direcionais permitem é desenhar curvas com maior precisão, por um lado, e ter um comportamento mais linear, sobretudo a velocidades elevadas, por outro.

Assim, a baixa velocidade, as rodas traseiras vão girar no sentido inverso ao das dianteiras, até um máximo de 5 graus, permitindo descrever um diâmetro de circunferência menor e assim abraçar curvas, mesmo apertadas, com maior desembaraço.

Além disso, numa inversão de marcha, o veículo precisará de muito menos espaço para concretizar a manobra, fazendo com que uma imponente berlina pareça mais um pequeno citadino.

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Pelo contrário, quando se aperta com o acelerador, as rodas traseiras passam a girar no mesmo sentido que as dianteiras, num ângulo mais curto, mas que permite puxar a traseira para dentro da curva e aumentar a estabilidade.

Isto nota-se particularmente quando é necessário executar uma rápida mudança de trajetória, deixando de se notar qualquer tendência para a sobreviragem. Ou seja, as rodas direcionais impedem que a traseira do veículo se mova para a parte de fora da curva, algo que pode acontecer quando as rodas traseiras do veículo excedem os limites da sua tração lateral durante a curva antes das rodas dianteiras.

O sistema de quatro rodas direcionais é controlado por uma unidade eletrónica específica que recolhe diversos dados, tais como a velocidade do veículo, aceleração angular do volante e ângulo de viragem, a partir da unidade de controlo de estabilidade (ESP). Por isso, a manutenção e a afinação são relativamente simples.

Uma questão de moda?

O sistema de quatro rodas direcionais, que é possível encontrar-se referido como 4WS (do inglês “4-wheel steering”), tem história que vai até à era antes da democratização do automóvel, tendo sido utilizada em alguns equipamentos agrícolas ainda puxados por animais.

Porém, nos modelos comercializados em massa, o sistema teve como pioneira a Honda, que no seu Prelude de 1988 apresentava um sistema totalmente mecânico que utilizava um seletor nas barras de pressão traseiras para mover o ângulo das rodas traseiras. Dependendo do ângulo de direção das rodas dianteiras, as rodas traseiras faziam o ângulo na mesma direção ou em sentido oposto.

Depois da Honda, as também nipónicas Nissan, Mazda e Mitsubishi, além da americana Chevrolet, desenvolveram sistemas semelhantes, mas foram melhorando e aperfeiçoando a tecnologia. Enquanto a Honda se ficou por um sistema mecânico, outros fabricantes construíram os seus sistemas com assistências hidráulica e elétrica, criando a possibilidade de haver um efeito consequência que se autogeria.

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Por exemplo, o sistema da Chevrolet permitia que os pneus traseiros girassem até um máximo de 15 graus, exceto se o modo reboque fosse acionado. Nesse caso, o sistema limitaria o virar das rodas traseiras a 12 graus.

No entanto, esta vertente prática das quatro rodas direcionais, que encarecia o preço final do produto, não foi o êxito que se esperava e acabou por entrar em desuso no final da década de 90 do século passado, passando a ser vista como uma moda ultrapassada.

Sistema presente em alguns superdesportivos

Até que os construtores perceberam que o sistema poderia ser utilizado para extrair mais capacidade de carros potentes, passando assim a ser incluída em superdesportivos como o Porsche 911, o Lamborghini Aventador ou Ferrari 812 Superfast, mas também em berlinas premium da Audi ou da BMW.

Ou seja, as quatro rodas direcionais, num sistema mais em conta e leve do que o das quatro rodas motrizes, permitem acelerar em maior segurança, reunindo assim consenso entre os amantes da velocidade.

 
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