Os carros elétricos continuam mais caros do que os modelos idênticos equipados com convencionais motores de combustão interna, significando que, tendo em conta apenas o preço de aquisição, a compra de um elétrico só compensará depois de muitos quilómetros. Mas há outras variantes a acrescentar nesta equação: com o que se poupa em combustível e manutenção, para além dos benefícios fiscais, os carros elétricos podem ser mesmo a opção mais económica.
Se a eletrificação do automóvel é irreversível, são cada vez mais os automobilistas decididos em mudar a ficha, reconhecendo os trunfos da tecnologia, que vão muito além da não produção, de forma direta, de emissões poluentes, contribuindo para melhor qualidade do ar. Prova disso é que, mesmo em plena crise pandémica, a venda de carros elétricos e híbridos continua a acelerar na Europa: no primeiro semestre de 2020, foram matriculados 93 mil novos veículos eletrificados, número que representa um aumento de 95% face a igual período do ano passado, para uma quota de mercado que já equivale a 8,2% do total de automóveis vendidos no Velho Continente. Já em 2021, segundo dados da Comissão Económica da ONU, a venda de carros elétricos na europa representou 10% do total das vendas, provando novamente o interesse contínuo do consumidor por esta opção mais sustentável.
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Os níveis de conforto e a agradabilidade da condução são caraterísticas cada vez mais apreciadas neste tipo de veículos, a par da vertente do negócio. É que, como se referiu no início, embora o custo de aquisição seja superior ao de um veículo convencional, vários estudos indicam que a compra de um carro elétrico compensará mais rapidamente do que possa pensar-se.
Quanto custa um carro elétrico ao final do mês
De acordo com o Índice Annual Car Cost Index 2021, da empresa Leaseplan, em Portugal já é mais barato ter um automóvel elétrico do segmento médio familiar do que um veículo da mesma categoria a gasóleo ou gasolina.
Segundo o mesmo estudo, que revela o custo real de ter um automóvel, incluindo combustível, depreciação, impostos, seguros e manutenção, em 22 países europeus, a poupança atinge mais de 400€ mensais na utilização de um automóvel médio familiar elétrico (811€) comparativamente ao de um Diesel (1.217€) e ascende a 190€ para um automóvel da mesma categoria alimentado a gasolina (1.407€).
A diferença fica ainda mais notória se forem analisados os gastos para um automóvel médio familiar premium. Um elétrico gastaria mensalmente 891€, enquanto que um a Diesel custaria 1.445€ e um automóvel a gasolina um total de 1.541€.
Os custos apresentados pelo Índice Anual Car Cost Index 2021 foram calculados tendo por base os primeiros quatro anos de propriedade e pressupõem 30.000 km de condução por ano.
Contas ao quilómetro
Fazer uma viagem com um veículo elétrico implica um planeamento prévio detalhado, tendo sempre em conta os postos de carregamento. O abastecimento na rede pública pressupõe a aquisição de um cartão que permite aceder às máquinas localizadas nos postos de carregamento. É necessário celebrar um contrato com um Comercializador de Energia de Mobilidade Elétrica (CEME), que é, na realidade, uma empresa fornecedora de energia com oferta comercial para a mobilidade elétrica. Será a esta empresa que se pagará a energia consumida nos carregamentos em postos da rede pública, a que se somam os impostos aplicáveis e o custo de utilização do posto.
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A UVE, associação de Utilizadores de Veículos Elétricos, fez os cálculos do consumo e os gastos, para percorrer 100 quilómetros em vias rápidas para os automóveis a gasolina, gasóleo e elétricos.
Em 2022 os resultados foram os seguintes:
- 13,63€ para percorrer 100km num veículo a gasolina
- 10,93€ para percorrer 100km num veículo a gasóleo
- 6,40€ para percorrer 100km num elétrico carregado num posto de carregamento rápido (50 kW)
- 3,04€ para percorrer 100km num elétrico carregado em casa (tarifa simples)
- 1,92€ para percorrer 100km num elétrico carregado em casa (tarifa bi-horária)
Carros elétricos com manutenções mais baixas
Quando se trata de manutenção, muitas são as vantagens de um veículo elétrico. A Hyundai, por exemplo, começa por esclarecer que a manutenção dos elétricos tem uma periodicidade diferente da dos congéneres equipados com motores de combustão interna, é mais simples e é também mais económica. De acordo com a marca sul-coreana, os veículos a gasolina ou Diesel devem fazer uma revisão a cada 15.000 km, aproximadamente, enquanto que um carro elétrico deve fazer uma revisão a cada 50.000 km.
Mais: «Um veículo a combustão tem muitos mais componentes que exigem manutenção e substituição periódica que um elétrico como, por exemplo, o filtro de combustível, filtro de óleo, óleo do motor, correia de distribuição, que simplesmente não existem no veículo elétrico. Adicionalmente, as pastilhas dos travões, por exemplo, têm um menor desgaste nos veículos elétricos Hyundai pois estes têm um sistema de travagem regenerativa que apenas utiliza as pastilhas de travões em travagens repentinas e a fundo, sendo por este motivo menos frequente a necessidade de manutenção e a substituição de componentes”.
Fiscalidade acelera mudança
Com o principal objetivo de promover a aquisição de veículos 100% elétricos, o Governo português criou vários incentivos à aquisição deste tipo de veículos. Entre eles, a isenção do Imposto Único de Circulação, que permite eliminar um custo que seria anual.
Há ainda apoio do Estado à aquisição de veículos 100% elétricos no valor de 4000€ a ser atribuído a beneficiários que se candidatem e cumpram os requisitos de elegibilidade.
Se comprar um ligeiro elétrico de passageiros até 62.500€ pode candidatar-se para receber um apoio de 4.000€. Caso opte por comprar um ligeiro elétrico de mercadorias o apoio é de 6.000€. (Há também apoios para motociclos e bicicletas elétricas.
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Para além destes benefícios, os automóveis 100% elétricos não pagam ISV (Imposto Sobre os Veículos), até porque não apresentam os parâmetros responsáveis pelo cálculo do mesmo: cilindrada e emissões de CO2.
Mas muito importante é, também, a possibilidade de abater o IVA dos custos com a eletricidade no carregamento do veículo – dedutível em IRC ou na categoria B do IRS -, embora esta seja apenas aplicável nas faturas dos postos públicos ou a quem tenha um carregador com contador exclusivo para o carregamento dos automóveis.
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