10 maio 2024

Poderá o etanol ser o combustível do futuro?

Etanol o combustível do futuro

O etanol é um biocombustível, que pode ser produzido a partir de desperdícios de cana-de-açúcar, mandioca, batata, podendo ainda assumir a forma de combustível sintético, quando é obtido a partir de recursos naturais renováveis, como o carvão ou a madeira, ou não renováveis, nomeadamente através de derivados do petróleo. E, no arranque da indústria automóvel, em finais do século XIX, chegou a ser usado para motores a combustão do tipo ciclo Otto. A abundância de petróleo e o facto de ser mais barato levou a que a indústria virasse costas ao etanol. Mas tudo indica que esse é um caminho ao qual ainda poderá regressar.

Um bom exemplo é o Brasil, onde a massificação do etanol como combustível é relatada como uma importante poupança para os condutores, além de permitir uma real diminuição das emissões de gases com efeito de estufa.

No entanto, a emergência climática fez com que a eletricidade ganhasse terreno, sobretudo na Europa, onde o ano 2035 é apontado como a meta para o fim dos motores térmicos. Só que os elétricos permanecem caros e algumas marcas começam a olhar para o etanol como uma espécie de bom compromisso.

Benefícios do etanol como combustível

Produzir etanol combustível

Na coluna dos prós, quando equacionada a utilização de etanol para eliminar o recurso à gasolina, não faltam importantes dados.

Para começar, como referido anteriormente, o etanol pode ser produzido a partir de fontes renováveis, o que faz com que não haja o perigo de se esgotar, como acontece com o petróleo, cujas jazidas conhecidas deverão secar por volta de 2050, se se continuar com o consumo atual. Claro que poderão sempre ser descobertos novos poços, sobretudo a uma maior profundidade. O problema é que, nestas condições, a extração poderá tornar-se economicamente inviável.

Em termos ambientais, importa sublinhar que, quando comparado com a gasolina ou com o gasóleo, o etanol produz menos emissões de gases com efeito de estufa, o que pode ajudar a reduzir o impacto das alterações climáticas. E, sendo biodegradável, um derrame ou uma fuga são menos nocivos para o planeta.

Também há razões económicas relevantes a ter em conta. Ao contrário do petróleo, presente em cerca de cem países, mas com a maior fatia de extração concentrada em 20 nações (incluindo os 13 membros da OPEP, Organização dos Países Exportadores de Petróleo, que representam cerca de 80% das reservas identificadas), o etanol pode ser produzido localmente, o que tornaria cada país autónomo em matérias de energia, ao mesmo tempo que poderia impulsionar as economias mais frágeis, criando emprego.

Por fim, o etanol tem um índice de octanas mais elevado, o que se reflete positivamente no desempenho e na eficiência do motor, além de manter o motor mais limpo por mais tempo, com vantagens em tudo o que se relaciona com a sua manutenção.

Como usar o etanol?

Etanol combustível bio

O etanol pode ser usado como combustível de três formas distintas. A primeira é a sua forma comum, também designada de etanol hidratado, E100, cuja utilização é comum no Brasil. Mas há um problema com este tipo de combustível: o frio, já que o etanol perde a capacidade de gerar combustão em temperaturas abaixo dos 13°C. Na Suécia, há utilização do E95, por exemplo, e tanto nos EUA como em alguns países europeus, encontra-se E85 em motores flex.

Depois, há a forma de etanol aditivado, com vantagens para o desempenho do motor e na redução de emissão de gases de efeito estufa, mas o que poderá ser mais democrático é o etanol misturado com gasolina. É que, até 25%, o etanol pode ser misturado à gasolina sem a necessidade de nenhum ajuste no motor.

Ou seja, globalmente, o etanol oferece uma série de benefícios que o tornam uma alternativa atrativa aos combustíveis fósseis tradicionais, particularmente em termos de sustentabilidade ambiental e independência energética.

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