A autonomia de um carro elétrico é sempre um dos aspetos mais importantes para decidir a transição e abandonar de vez os motores a combustão. E, depois de consultado o valor anunciado pela marca, a pergunta mais frequente vai no sentido de tentar perceber qual a autonomia real, ou seja, quantos quilómetros consegue percorrer um veículo elétrico (VE) com uma carga completa até a bateria ficar totalmente descarregada. Problema: não existe uma resposta exata. Tal dependerá sempre, além do tipo de carro e da bateria que o equipa, do estilo de condução e da temperatura exterior, entre outros fatores.
Os fabricantes de automóveis lançam, regularmente, novos modelos e versões otimizadas que oferecem autonomias melhoradas, dando, assim, ao consumidor mais possibilidades para este escolher o tipo de carro que melhor se adapte às suas necessidades diárias.
Um dos fatores mais importantes no que à autonomia de um VE diz respeito, é a capacidade da bateria, medida em kWh. De uma forma muito simples, podemos dizer que quanto maior for o valor de kWh, mais quilómetros conseguirá o carro percorrer com uma carga completa.
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Ainda que, em 2009 e 2010, 160 quilómetros de autonomia com um ciclo de carga fosse considerado um bom valor, nos dias que correm é, manifestamente, insuficiente. Hoje, os novos VE conseguem percorrer distâncias entre 200 e 700 quilómetros.
Para condutores que fazem 50 quilómetros diários nas deslocações para o trabalho ou dentro da cidade, mesmo a autonomia oferecida por um citadino é suficiente para alguns dias de utilização sem ser necessário ligar o carro à corrente elétrica.
Múltiplas variáveis
A autonomia de um carro elétrico depende de vários fatores, onde se incluem a capacidade da bateria (sempre relacionada com o tamanho), a aerodinâmica do veículo, a eficiência da bateria e a temperatura exterior – sabe-se que o frio, por exemplo, tem uma ação determinante na capacidade das baterias (as perdas de autonomia podem chegar aos 30% entre carregamentos).
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Portanto, é perfeitamente normal que um VE percorra mais quilómetros com uma carga completa num dia quente de verão do que num dia muito frio de inverno. O mesmo é válido, de resto, para os veículos equipados com motor de combustão interna, nos quais o consumo de combustível é afetado por fatores ambientais, como a temperatura exterior.
As autonomias dos carros elétricos (ciclo WLTP), anunciadas pelos fabricantes de automóveis aquando do lançamento dos modelos, resultam de testes efetuados em condições específicas e ambientes controlados, cujo intuito é demonstrar o melhor que uma bateria é capaz de alcançar.
Numa utilização real, porém, nem sempre estão reunidas as condições recriadas pelos fabricantes. Até porque tal dependerá sempre do estilo de condução, do tipo de percurso e da temperatura atmosférica.
Por exemplo, a autonomia será bastante inferior em condução desportiva com ar condicionado ligado e recuperação de energia em travagem no mínimo do que em condução suave, com ar condicionado desligado e recuperação de energia em travagem no máximo.
Da mesma forma, a condução em autoestrada exige muito mais da bateria do que a circulação em cidade. Um teste interessante é percorrer alguns quilómetros em autoestrada. Por cada mil metros que percorrer, verá que a autonomia estimada no painel reduzirá quatro ou cinco quilómetros.
Fator ansiedade
Chama-se ansiedade de autonomia ao receio que o condutor tem de o carro elétrico não dispor de carga suficiente para chegar ao destino. Este fator tem sido apontado como um dos principais entraves à adesão em larga escala por parte dos consumidores aos VE. Mas será mesmo assim?
A aquisição de um carro elétrico deve estar relacionada com a utilização que se pretende dar-lhe, mais concretamente número de quilómetros percorridos por dia e tipo de trajeto efetuado. Mas pressupõe convivência com as infraestruturas de carregamento, seja em casa, no trabalho ou em locais públicos.
Dependendo do carro e da utilização, hoje já existem opções que permitem circular em cidade durante mais de uma semana sem que seja necessário qualquer carregamento. Os postos de carga rápida existentes em superfícies comerciais e autoestradas vieram facilitar a vida aos utilizadores que dispõem de modelos com esta funcionalidade.
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Como todos os veículos, a autonomia e a eficiência dos carros elétricos dependem do estilo de condução. A velocidade é, regra geral, o fator que maior influência tem, uma vez que a pressão atmosférica e a resistência ao rolamento aumentam quanto mais rápido se circular.
E conduzir um VE não traz apenas maior consciência ambiental. Implica, também, uma mudança de hábitos de condução e convida a uma utilização mais responsável e criteriosa do próprio carro. Além de oferecer uma condução menos ruidosa e, sobretudo, bem mais descontraída.
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