Os fabricantes de automóveis chineses já têm luz verde para tomar de assalto o Velho Continente, mas a verdade é que a prometida ofensiva asiática ainda não arrancou. No mercado mais difícil do mundo, onde nenhuma marca se impôs apenas pelo preço e se hipervalorizam o design e todos os aspetos ligados à imagem, a China fez… marcha-atrás.
Mas agora, incapaz de competir com padrões de qualidade que são os mais elevados de toda a indústria, num mercado onde o automóvel ainda é olhado como um objeto de afirmação estatutária, a indústria automóvel chinesa está a mudar de estratégia. Trabalhou na eletrificação de uma forma muito mais rápida do que qualquer gigante europeu e essa será a grande vantagem competitiva junto de um novo público que deseja ter hoje os automóveis do futuro. Ao mesmo tempo, o estigma da cópia parece ultrapassado: as imitações procuram ser melhores do que os originais, e não apenas uma versão barata.
BAIC
O BAIC X55 comercializa-se em Espanha (e noutros mercados europeus como Senova X55), por preços a partir dos 22.000€, que é um posicionamento de preço competitivo para um SUV que se destaca pela boa habitabilidade e por uma razoável dotação de equipamento. Conta de série com elementos como os faróis com tecnologia full LED, jantes de 17 polegadas e uma única motorização de 1,5 litros e 150 CV.
BYD
Já com um pé na Europa está o maior construtor chinês de veículos elétricos. A BYD, parceira da Toyota na área da eletrificação, já comercializa uma gama de pesados de passageiros no Velho Continente, mas confirmou que o seu programa de lançamentos no mercado europeu de automóveis ligeiros arrancará no último trimestre deste ano, com o lançamento de um SUV, à experiência no mercado norueguês. O modelo chama-se Tang EV600, um automóvel moderno, compacto, equipado com dois motores elétricos de 245 CV, alimentados por uma bateria com 82,8 kWh, anunciando autonomia para cerca de 500 quilómetros livres de emissões.
Byton
A Byton é um promissor fabricante chinês de automóveis, liderado por dois ex-BMW, Carsten Breitfeld e Daniel Kirchert (engenheiro que também esteve na japonesa Infiniti). O projeto europeu arrancou oficialmente na passada (e última) edição do salão automóvel de Frankfurt, com a apresentação do M-Byte, que a marca sediada em Nanjing espera lançar em 2021. Com preços que arrancam nos 40.000€, a estratégia da Byton assenta na sofisticação. Na versão de acesso à gama, o M-Byte terá um motor de 268 CV (200 kW) alimentado por uma bateria com 73 kWh e um sistema de carregamento que garante até 80% de carga em 35 minutos. Como elemento diferenciador face a toda a concorrência, há um ecrã gigante com 48? de ponta a ponta do tablier, que se combina com outros dois ecrãs táteis – um instalado no centro do volante e outro na consola central.
Zeekr
A Zeekr é a marca premium do grupo Geely, focada em veículos elétricos de alta performance e tecnologia avançada. Concebida para competir no segmento de luxo, a Zeekr aposta em modelos com designs arrojados e soluções inovadoras de mobilidade sustentável, destacando-se pela sua autonomia superior e pela integração de funcionalidades inteligentes. Com um forte compromisso em oferecer uma experiência de condução de excelência, a Zeekr é vista como uma das principais marcas a liderar a revolução dos veículos elétricos na China e em mercados internacionais, incluindo a Europa.
DFSK
A marca chinesa prepara-se para ampliar a sua gama europeia com a introdução do 580, um todo o terreno com lotação para sete ocupantes e um posicionamento de preço muito atrativo. A DFSK, que está já fortemente implantada na vizinha Espanha, pertence à gigante industrial Dongfeng Motors, empresa que é acionista do Grupo PSA, com os mesmos 14% de capital do Estado francês. O consórcio já produz em exclusivo para o mercado chinês as marcas Peugeot, Citroën, Nissan, Kia e Honda. Mas entrar na Europa é também um objetivo.
Lynk & Co
Processo muito semelhante foi o da Geely, o mais antigo fabricante de automóveis da China, e que em 2010 adquiriu a sueca Volvo (também é proprietário da BYD), tendo ainda uma participação de 10% na Daimler. Em 2016, fundou a Lynk & Co, na China, mas com uma vocação global. A Lynk & Co estreou-se na Taça do Mundo de Carros de Turismo (WTCR) no ano passado, mas a marca só chegará aos principais mercados europeus em meados do próximo ano. Do 01 ao recém-apresentado 05, a gama utiliza a plataforma modular CMA desenvolvida em conjunto pela Geely e a Volvo – a mesma utilizada no XC40.
ORA
Ao contrário da Byton, a ORA chegará à Europa para arrasar preços. Trata-se de uma nova marca da Great Wall Motors, o maior fabricante de automóveis da China, já presente em vários países do Velho Continente através de submarcas como a Haval, que chegou a produzir um protótipo para participar no Dakar, pilotado pelo português Carlos Sousa. A ORA será a marca de elétricos do consórcio e trará no seu portefólio propostas como o modelo R1, um clone do smart forfour ou o iQ, um SUV com carroçaria de tipo coupé.
SAIC
Sediada em Xangai, a SAIC Motores é uma das “Quatro Grandes” construtoras de automóveis na China. Na Europa está presente com duas marcas, a MG e a Maxus, ambas antigas marcas dos grupos British Leyland e Austin-Rover, atualmente sob a égide da SAIC. A MG opera exclusivamente no mercado britânico, mas as versões elétricas do E-Motion e do X-Motion têm, claramente, potencial para voos mais altos.
Xiaopeng Motors
Esta marca sediada em Guangzhou, mas já com escritórios em Mountain View, Califórnia, nos Estados Unidos, é o melhor exemplo dessa mudança de paradigma. Recém-chegado ao mercado, o seu Xpeng P7 é o clone chinês do Tesla Model 3. Mas suplanta-o em autonomia. Entre as vantagens competitivas da “start up” que assume ter-se inspirado na marca de Elon Musk, está a capacidade de percorrer mais de 700 quilómetros com uma única carga de bateria. A berlina elétrica chinesa está disponível em duas versões, com duas e quatro rodas motrizes, sempre com uma bateria de 80,87 kWh, cerca de 7% maior do que a unidade que equipa o Model 3 com maior capacidade (75 kWh). É o futuro ponta de lança da marca no ataque ao mercado europeu.
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ZD
Em Espanha, a chinesa ZD está presente com o D2S, anunciado como o elétrico mais barato do mercado, com preços a partir dos 18.000€. Com apenas dois lugares, o DS2 é a alternativa ao Smart EQ Fortwo elétrico, oferecendo uma autonomia para 250 km.
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