Um Ferrari produz um som extremamente elevado, mais ainda quando atinge velocidades elevadas, o que, em alguns modelos, se traduz em notas efetivamente impressionantes.
“O som da Ferrari é uma marca imediatamente reconhecível. Os Ferrari são carros desportivos, extremos e o som precisa de refletir isso. O nosso objetivo é dar a todos os nossos automóveis o som que se espera deles.” A declaração é de Francesco Carosone, do departamento de engenharia acústica, que tem como missão virar cabeças à passagem de um Ferrari, seja este servido por um V12 ou um V8 (ou até mesmo um bloco mais pequeno – já lá vamos…).
Para tal, assim que se acelera um Ferrari há uma explosão de som que ressoa por todo o corpo do condutor. O som é de tal forma importante que há até quem opte por comprar um Ferrari precisamente por isso – é isso que diz a experiência do emblema de Maranello, e vai daí toca de investir numa área em que a marca sabe ser única.
E não se pense que a música Ferrari é fruto de misturas eletrónicas. “Temos o som autêntico que outras marcas de automóveis querem criar artificialmente, e pretendemos mantê-lo assim”, testemunhava Francesco Carosone, em 2016, numa altura em que a gama apenas apresentava blocos V12 e V8. Depois disso, a Ferrari adotou a eletricidade como apoio e instalou motores V6 no 296 GTB. E o futuro reserva até um 100% elétrico – a novidade deverá chegar em 2025, com a marca a ambicionar a neutralidade carbónica até 2030.
A revolução do simulador
De qualquer das formas, ainda antes de planear um futuro mais “verde”, o ideal tornou-se insustentável. É certo que o que os clientes da Ferrari desejam é um som bem alto. Mas as normas que limitam o ruído obrigaram a Ferrari a repensar a sua orquestra. Além de que o processo de afinação precisa entre todos os componentes que resultavam naquela música inebriante era demasiado dispendioso. Em 2013, passou a ser instalado nos Ferrari um simulador Brüel & Kjær que permite controlar os níveis de ruído, vibração e aspereza (NVH).
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“O simulador NVH foi uma solução revolucionária”, constatou Francesco Carosone, já que, ainda na fase de idealização, é possível “alterar a forma dos diferentes componentes da entrada e do escape” e ao mesmo tempo estar em linha com as exigências legais das leis do ruído.
Ainda assim, grande parte da responsabilidade de um Ferrari soar como soa é dos motores e do seu desenho plano, em que a cambota se apresenta em 180 graus. Ou seja, todas as manivelas estão alinhadas, o que faz com que o disparo dos pistões seja regular, ajudando a que a música, ainda que profunda, se sinta suave.
Posso ter um ronco Ferrari?
Pela Internet, não faltam ideias para transformar o som de um velho e comum automóvel num Ferrari. Afinal, aquela música, dramática e emocional, saída diretamente da Fórmula 1 é difícil de esquecer.
E é verdade que se consegue alterar o som de um carro ao ponto de parecer um desportivo. Para tal, é preciso mudar todo o sistema de escape, mas para o fazer é necessário submeter um pedido de homologação de componentes ao IMT, apresentando o relatório de ensaio, os elementos representativos dos componentes a homologar e pagando uma taxa de 70€. Mas a verdade é que apenas um desconhecedor do assunto irá ouvir um Ferrari.
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