O tema “veículos verdes” é muito bonito e está na moda. Mas nem tudo é tão verde quanto se diz ou parece. Tudo tem um desperdício e a forma como se lida e trata esse desperdício é essencial para o quão verde é, de facto, um veículo. A começar por o que acontece às baterias dos carros elétricos em fim de vida.
O aumento de carros elétricos leva a uma redução emissões de CO2 mas, no final de vida, o que acontece à baterias que lhe deram… vida? E às matérias primas tóxicas que as compõem? Calma… há quem tenha pensado em tudo isso e esteja a fazer um bom trabalho, apesar do enorme esforço que isso exige.
Até 2025, só na Alemanha, o número de carros elétricos pode ascender a um valor entre dois e três milhões. Ora, a vida de uma bateria é de 15 anos. O que fazer quando falecem de vez? O que fazer com o lítio, cobalto, a grafite ou o níquel, substâncias extremamente valiosas?
Baterias dos carros elétricos em fim de vida: usar, reciclar
A reciclagem de baterias existe e, atualmente, o material que se extrai com maior regularidade é o alumínio. Além do mais, só 50% das baterias precisa de ser reciclada. Muitas das empresas de automóveis elétricos recolhem as baterias usadas dos seus veículos e responsabilizam-se pelo processo de reciclagem, utilizando, para isso, empresas da área.
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A própria Nissan, precursora da democratização da mobilidade elétrica com o bem-sucedido Leaf, construiu a sua fábrica de reciclagem de baterias no Japão, prescindindo do serviço de terceiros.
Enquanto isso, a francesa Renault e a alemã BMW usam as baterias que já não servem para os veículos como centrais de armazenamento de energia. É que, apesar da capacidade poder ser reduzida para garantir uma boa autonomia num veículo elétrico, ainda é muito elevada para outras utilizações, industriais ou domésticas. E é isso que acontece cada vez mais. Tal como umas pilhas que não sustentam um rádio portátil, podem ter utilidade num comando televisivo: as exigências energéticas são menores.
Atualmente, as baterias de iões de lítio são alvo de reciclagem na Alemanha e na Bélgica, que se empenharam em desenvolver infraestruturas capazes de realizar o processo com eficácia e qualidade. Isso permite remover 95% da matéria que compõe as baterias e reutilizá-la noutros aparelhos elétricos.
Fazer contas, olhar pelo ambiente
Mas não vamos tapar o sol com a peneira: o processo é tão dispendioso – e pode depender tanto da forma como cada fabricante constrói a sua bateria – que é mais barato comprar uma bateria nova. E isso tem de ser solucionado rapidamente porque, até 2030, espera-se que 1,2 milhões de toneladas de baterias de iões de lítio possam estar a chegar ao fim de vida.
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A existência de carros elétricos é tão recente que ainda não nos permite ter muitas baterias para reciclar. Mas a ideia é que a economia venha a ser circular e teremos de estar preparados para completar esse ciclo de forma a que compense, ambientalmente, usar baterias elétricas nos veículos. Afinal, as baterias não podem acabar num aterro a contaminar solos ou estar-se-ia a atentar tanto contra o ambiente como um poluente motor a combustíveis fósseis.
A construção das baterias tem de partir do pressuposto que podem e devem ser alvo de reciclagem. E a homogeneização da forma como são produzidas pelas várias marcas é essencial para facilitar a posterior reciclagem. Porque convém não esquecer que a bateria de um veículo elétrico é o mais dispendioso que se encontra naquele carro, e substituí-la por uma nova é um rombo na carteira de qualquer afortunado cidadão.
Por isso, o enfoque de todas as investigações e progressos tecnológicos estão aí centrados e a “verdade” de hoje é efémera. Até lá, é seguir os procedimentos do fabricante para que a bateria dure o máximo possível e com a maior rentabilidade no veículo automóvel.
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