Chama-se “cool paint” e é uma tinta especial com tecnologia patenteada pela Nissan que ajuda a baixar a temperatura do interior do automóvel exposto ao calor. E, consequentemente, reduzir o consumo de energia do sistema de ar condicionado do carro.
Esta não é a primeira solução do género: os especialistas da SolCold também estão a trabalhar numa tinta que usa o calor do sol para reduzir a temperatura do habitáculo em até 60%. Mas, segundo a Nissan, a solução encontrada em parceria com a Radi-Cool, empresa líder em produtos de arrefecimento radiativo, está na fase mais avançada do desenvolvimento.
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A tinta de características especiais incorpora na sua composição vários materiais compósitos sintéticos com estruturas que apresentam propriedades habitualmente não encontradas na natureza, os tais metamateriais. A sua fórmula permite irradiar a energia dos raios solares de maneira mais rápida, e sem recurso aos sistemas de bordo.
Até 12º mais fresco
Em novembro do ano passado arrancou o primeiro teste de viabilidade no Terminal Aéreo Internacional de Tóquio, em Haneda, numa iniciativa que contou com a participação dos serviços aeroportuários japoneses e que usou como “cobaia” um veículo de serviço Nissan NV100 operado pelos profissionais da All Nippon Airways (ANA).
As condições da pista do aeroporto de Haneda, a sua dimensão e abertura, tornaram-na no ambiente perfeito para avaliar o desempenho da tinta num ambiente exposto a altas temperaturas. E os primeiros indicadores são positivos. A “cool paint” é eficaz a combater o calor dentro do carro. Dois veículos estacionados lado a lado, um com a tinta especial e outro não, registaram diferenças de até 12 graus Celsius nas temperaturas da superfície exterior e até 5 graus Celsius de arrefecimento no interior.
O segredo está nas partículas
Até à data foi apenas utilizado o branco, mas mais cores com estas propriedades vão ser criadas. O segredo estará no metamaterial incorporado na “cool paint”, que a Nissan descreve como uma combinação de duas partículas que reagem à luz.
“Uma partícula reflete os raios infravermelhos próximos da luz solar normalmente responsáveis pelas vibrações a nível molecular na resina da tinta tradicional para produzir calor. A segunda partícula permite a verdadeira inovação, criando ondas eletromagnéticas, que contrariam os raios solares, redirecionando a energia do veículo para a atmosfera. Combinadas, as partículas da ‘cool paint’ da Nissan reduzem a transferência de calor para as diferentes superfícies como o tejadilho, o capô, as portas e os painéis”, explica a equipa liderada por Susumu Miura, senior manager e especialista no Laboratório de Materiais e Processamento Avançados, do Centro de Investigação da Nissan.
“O meu sonho é criar automóveis mais frescos sem consumir energia”, explicou Miura. “Isto é especialmente importante na era dos EV, em que a carga do funcionamento do ar condicionado no verão pode ter um impacto considerável no estado de carga da bateria”, afirmou.
Problema: sendo mais espessa, foi necessário garantir que era possível incorporar uma camada superior transparente, aplicada com uma pistola de pulverização (e não com um rolo) e cumprir os rigorosos padrões internos da Nissan para a qualidade da pintura.
Miura e a sua equipa testaram mais de 100 amostras e estão atualmente a avaliar uma espessura de 120 microns/0,12 milímetros, aproximadamente seis vezes mais espessa do que a tinta automóvel típica. Uma desvantagem a considerar, sobretudo nesta fase da indústria automóvel em que todos os gramas contam.
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