Nos últimos anos, a Mercedes-Benz fez uma grande aposta na mobilidade elétrica, especialmente com o lançamento do seu luxuoso modelo elétrico, o Mercedes EQS. Este veículo, lançado como parte da linha “EQ”, foi um marco importante na estratégia de eletrificação da marca, posicionando-se como o equivalente elétrico do icónico Classe S. No entanto, recentes notícias revelam que a Mercedes decidiu descontinuar o EQS, levantando várias questões sobre o futuro da marca no segmento dos veículos elétricos de luxo e sobre a aceitação deste tipo de veículos no mercado global e, em particular, no mercado português.
A estratégia da Mercedes e o declínio das vendas do EQS
Lançado em 2021, o Mercedes EQS pretendia ser o topo de gama da linha de elétricos da marca. Equipado com uma bateria de grande capacidade e repleto de tecnologia de ponta, o EQS foi criado para competir diretamente com modelos como o Tesla Model S. No entanto, apesar do seu desempenho impressionante e da qualidade superior, o EQS não conseguiu atingir as metas de vendas esperadas.
A Mercedes comunicou uma queda significativa nas vendas do modelo, particularmente nos mercados mais importantes, como os EUA e a Europa. Em 2024, os números indicavam que as vendas do EQS tinham caído mais de 50% em alguns mercados. A marca atribuiu esta situação a uma combinação de fatores macroeconómicos, incluindo a inflação global e a incerteza económica. Além disso, o preço elevado do EQS, que em muitos mercados ultrapassa os 100.000€, tornou-o inacessível para muitos potenciais clientes?. Houve também algumas críticas ao design, considerado demasiado futurista e menos atraente em comparação com os modelos tradicionais da Mercedes?.
O Impacto no mercado automóvel português
No mercado português, o EQS teve uma aceitação moderada, refletindo a realidade global. Embora o segmento de veículos elétricos continue a ter procura em Portugal, especialmente com o aumento da rede de carregamento e incentivos fiscais para a compra de veículos elétricos, o preço elevado do EQS fez com que este fosse um produto de nicho. A maioria dos consumidores portugueses que procuram veículos elétricos opta por modelos mais acessíveis ou SUV elétricos, que têm registado um aumento na procura. Modelos como o Tesla Model Y e o BMW iX tornaram-se opções mais viáveis para os condutores portugueses, que procuram uma combinação de luxo e praticidade a um preço mais competitivo.
A Mercedes-Benz anunciou que o final da produção do EQS não significa o fim da sua aposta nas berlinas elétricas de luxo. Pelo contrário, a marca pretende substituir o EQS por uma versão totalmente elétrica do Classe S, um dos modelos mais emblemáticos da Mercedes. Esta nova versão elétrica do Classe S será uma evolução natural, incorporando muitas das inovações tecnológicas do EQS, mas com um design mais clássico e familiar, alinhado com as expectativas dos clientes que preferem um estilo mais conservador. Esta estratégia visa posicionar o Classe S elétrico como o topo de gama na transição para a mobilidade elétrica de luxo.
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O futuro da mobilidade elétrica de luxo
A decisão de descontinuar o EQS levanta questões mais amplas sobre o futuro da mobilidade elétrica de luxo. A transição para os elétricos implica altos custos de produção, o que, por sua vez, se traduz em preços elevados para os consumidores finais. No caso do EQS, a Mercedes pode ter subestimado a sensibilidade dos consumidores ao preço, mesmo entre aqueles que procuram veículos de luxo.
No entanto, a marca continua empenhada em alcançar a neutralidade carbónica até 2039, e isso inclui o desenvolvimento de veículos elétricos. Apesar do revés com o EQS, a Mercedes já declarou que continuará a desenvolver novos modelos elétricos e híbridos?.
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