fiat dino o quase ferrari que mudou a empresa

Redação

27/04/2022

4 min

Fiat Dino: o quase Ferrari que mudou a empresa

Apesar de as empresas, ambas de genes italianos, terem tido os seus destinos cruzados ao longo de quase meio século, nunca houve nenhuma confusão sobre qual o papel da Fiat e da Ferrari. Exceto uma vez, para concretizar o sonho de Alfredo “Dino” Ferrari (1932-1956) na forma de um motor V6, pensado para a Fórmula 2.

Dino, o primogénito de Enzo Ferrari, nasceu com a expectativa de seguir os passos do pai, o visionário fundador da Ferrari, em 1939. E o jovem era empenhado, tendo estudado nas melhores escolas europeias. Na altura da sua precoce morte, aos 24 anos, na sequência de uma distrofia muscular, Dino encontrava-se a desenvolver um motor de seis cilindros em V, com 1,5 litros e dupla árvore de cames à cabeça.

O motor viria a ser terminado por Vittorio Jano, que chegou a visitar Dino no hospital para debater detalhes do projeto. E, um ano depois, Enzo Ferrari batizou uma série de carros de corrida com o nome do filho, seguindo-se carros de estrada com a mesma referência, mas sempre da mesma marca.

As regras da FIA

No entanto, não chegava. Em meados dos anos 60 do século passado, o número de carros comercializados pela Ferrari não dava aos Dino o volume necessário para que continuasse nas pistas, devido a uma nova regra da FIA. A marca do Cavallino Rampante precisava assim de colocar o seu motor num modelo que pudesse ser produzido em maior escala. A solução desenhou-se, em 1965, com a Fiat, quatro anos antes desta marca ter adquirido 50% da Ferrari (participação que chegou aos 90% em 1988).

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Com a popular Fiat, a Ferrari viabilizava o V6 ao conseguir que este fosse instalado em mais de 500 unidades num período de 12 meses. Nascia assim o Fiat Dino, derivado do Ferrari Dino produzido pela Ferrari, mas muito mais democrático em termos de preço. A variante spider brilhou no Salão de Turim, em 1966, e o coupé foi apresentado, no ano seguinte, ao Salão de Genebra.

A Fiat lançou dois Dino: o 2000, que correspondia ao Ferrari Dino 206, e 2400, que era a versão menos elitista do Ferrari Dino 246 (na marca de Maranello, o número representava a cilindrada, de 2,0 e de 2,4 litros, e o número de cilindros: 6, como idealizado pelo filho de Enzo).

O mesmo motor, com arquitetura V6 e em alumínio, era instalado numa posição central traseira pela Ferrari, ao passo que a Fiat optou por montá-lo à frente num carro de tração traseira, sendo capaz de debitar 160 cv às 7200 rpm (a Ferrari reclamava para a mesma mecânica uma potência de 180 cv, no entanto, crê-se que se tratou de um erro, já que os blocos saíam da mesma linha de montagem, não havendo qualquer diferença nos que iriam equipar um Fiat ou um Ferrari).

A carroçaria, construída em alumínio sobre um chassis tubular, que permitia oferecer uma boa rigidez torcional, foi desenhada, no caso do coupé, pela Bertone e a Pininfarina foi responsável pelo spider.

Um verdadeiro carro de estrada

Em 1969, os Ferrari e Fiat Dino beneficiaram de um upgrade, passando a apresentar um motor de 2,4 litros. O Fiat Dino 2400 estreou-se em Outubro de 1969 no Salão de Turim e, entre as novidades mais notáveis, estava a suspensão traseira independente. Além disso, o V6 passava a debitar 178 cv e era produzido em ferro fundido.

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As alterações permitiram que o carro oferecesse um binário máximo a uma rotação menor, tornando-o mais fácil de conduzir mesmo no meio do trânsito urbano. E as alterações estéticas davam-lhe uma aura difícil de passar despercebida: a nova grelha e os detalhes em preto mate tornavam o automóvel mais distinto.

O Fiat Dino permitiu à marca de Turim fazer uma espécie de declaração: podia ser um emblema para as massas, mas também era capaz de sair fora da caixa e construir carros de culto. Já a Ferrari beneficiou do facto de o motor ser vendido na quantidade necessária para o manter nas pistas. No total, entre os 2000 e os 2400, tanto coupé como spider, foram comercializados 7083 Fiat Dino, entre 1966 e 1973, o que superou as 500 unidades ano.

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