Um Ferrari elétrico? É real e vai custar mais de meio milhão de euros

A Ferrari, reconhecida pelos seus potentes motores a gasolina, anunciou que vai lançar um carro elétrico no final do próximo ano, estando confiante que o preço não será um obstáculo à sua comercialização. E, enquanto a indústria se esforça por baixar o preço dos elétricos, de forma a democratizar a mobilidade sem emissões de escape, a Ferrari não abdica do seu lugar de emblema exclusivo e luxuoso: um futuro elétrico com o Cavallino Rampante custará pelo menos 500 mil euros.
E o meio milhão deverá ser o preço base, sem incluir as normais especificações que personalizam os Ferraris, desde jantes especiais até interiores superexclusivos. “Há uma procura crescente de Ferraris e a empresa tem espaço para satisfazer parte dessa procura sem comprometer a exclusividade”, afirmou à Reuters Fabio Caldato, gestor de carteiras da AcomeA SGR, que detém acções da Ferrari.
Ferrari elétrico será montado em Maranello
A futuro modelo elétrico, ao qual não deverão faltar predicados, será montado numa nova fábrica, capaz de aumentar a produção do grupo em até um terço, segundo noticiou a agência Reuters, que cita uma fonte que pediu anonimato. A agência noticiosa pediu esclarecimentos à Ferrari, mas a empresa escusou-se a dar detalhes sobre nova fábrica que deverá ser inaugurada na sua cidade natal, Maranello, no Norte de Itália, nesta sexta-feira.
A nova fábrica em Maranello dará à Ferrari uma linha de montagem de veículos adicional e produzirá carros a gasolina e híbridos, bem como o novo EV, além de componentes para híbridos e 100% elétricos.
No entanto, as novidades elétricas não se deverão resumir a um único automóvel, com um segundo modelo elétrico a ser desenvolvido, provavelmente para dar resposta a clientes com “menos” poder de compra, nomeadamente os que procuram o Portofino, que, num mercado como o português, e proposto por menos de 250 mil euros, ou seja, menos de metade de meio milhão.
A aventura da Ferrari pelo mundo elétrico já se iniciou no ano passado, quando a marca lançou o seu primeiro híbrido plug-in de produção em série, o SF90 Stradale. Até 2026, a Ferrari pretende que 60% das vendas sejam de veículos eléctricos ou híbridos.
A confirmar-se o lançamento em 2025, com o novo Ferrari elétrico a chegar aos mercados no ano seguinte, a Ferrari atira-se ao nicho elétrico primeiro do que a rival Lamborghini, que tem nos seus planos a estreia na mobilidade verde em 2028. O primeiro modelo 100% elétrico da Lamborghini, o Lanzador EV, foi revelado no ano passado, mas crê-se que o GT 2+2 (dois lugares reais e dois pequenos assentos na segunda fila) ainda passará por várias mudanças até atingir o ponto de ser produzido em série. Até lá, a marca italiana de Sant’Agata Bolognese dedica-se a electrificar a restante gama, com versões PHEV do Hurcan e do Urus.
Um verdadeiro Ferrari
Apesar de o arranque da produção de um carro 100% elétrico constituir um desafio para uma marca que sempre se pautou por motores em barulhentos, a Ferrari está certa de que conseguirá replicar as emoções dos motores térmicos num sistema elétrico.
“O novo Ferrari elétrico vai ser um verdadeiro Ferrari”, disse o diretor de marketing global da Ferrari, Emanuele Carando, numa entrevista recente a jornalistas australianos. E, para quem estava preocupado com o possível silêncio, Carando foi portador da boa-nova: “Sim, vai ter som”.
O responsável não avançou detalhes técnicos, justificando que ainda estão a ser apurados, antes de serem finalizados, mas fez saber que o maior trabalho não está nos números: “Não sei se o EV vai ser mais rápido do que o SF90”, o carro de estrada mais potente da Ferrari, que une um V8 twin-turbo com três motores eléctricos, com uma potência combinada de mais de 1000 cv. E explicou: “Os 0-100[km/h], os 0-200, depois de acelerares algumas vezes, ficas com um travo na boca, estás farto. [Com o EV], queremos um carro rápido, ágil e divertido de conduzir.”
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