A falta de fiabilidade e durabilidade dos Alfa Romeo sempre foi uma questão ultra debatida e pouco consensual. E, quem não é fã da marca, tem sempre a língua afiada para, com um tom jocoso, fazer apostas: aposta que vai avariar antes do fim do primeiro ano, aposta que o proprietário se vai arrepender, aposta que o gasto na manutenção do automóvel conseguirá ultrapassar a despesa da compra… Enfim: são apostas a perder de vista.
Porém, para os amantes da centenária marca atualmente com sede em Turim, Itália, tais comentários estão cobertos de inveja. É que se há algo que um cliente Alfa Romeo tem é confiança na marca. E, depois, qual o emblema que se pode gabar de nunca ter tido um modelo com problemas recorrentes?
A questão coloca-se: quem terá razão?
A verdade é que ninguém melhor do que o proprietário de um automóvel para o poder avaliar. É que é possível fazer todo o tipo de testes e ensaios, mas a maioria dos defeitos não ocorrem nos primeiros quilómetros, que é quando, por exemplo, a imprensa especializada tem acesso aos veículos, e, note-se, durante pouco tempo (um ensaio de um meio especializado muito raramente vai para lá de uma semana).
Por isso, se os condutores dos Alfa Romeo garantem que estes carros são fiáveis, quem somos nós para não acreditar?
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E porque será? Na verdade, a maioria das avarias reportadas com os Alfa Romeo são questões de detalhe, que se tratam com pouco euros, ou nem se tratam porque são problemas de menor importância. Talvez por isso, mesmo que as visitas à oficina sejam frequentes, os proprietários do emblema não se queixem e sejam extremamente fiéis – é difícil encontrar um cliente de outra marca que perdoe falhas como um proprietário de um Alfa e quase impossível convencer um adepto da marca a mudar para uma outra, mesmo que esta também seja italiana e até faça parte do mesmo grupo, o que significa que os modelos partilham plataformas, mecânicas e tecnologias.
A aposta na garantia
Mas voltemos aos problemas dos Alfa Romeo: primeiro, nem todos os modelos cabem no mesmo saco, e se há alguns que levantam suspeitas, outros revelam-se incrivelmente fiáveis. Por isso, não é de espantar que a Alfa Romeo num ano tenha um modelo entre os carros de maior confiança e noutro, com um modelo distinto, ocupe um dos últimos lugares da tabela.
Depois, é preciso perceber o que a marca cresceu nos últimos anos em termos de qualidade e de atenção ao detalhe, além de que, ao nível da mecânica, as avarias não são tão comuns quanto os críticos da marca fazem crer. Os últimos exemplos, nos corpos do sedan Giulia e do SUV Stelvio, ambos com declinações apimentadas Quadrifoglio, mostram bem que a Alfa Romeo de hoje não é a de há 20 nem sequer de há 10 anos…
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Mais: para os mais assustadiços, a Alfa Romeo criou uma política de garantia que, além dos três anos de fábrica, inclui ao longo do primeiro ano um serviço abrangente de intervenções básicas gratuitas, com a reparação ou substituição de peças defeituosas, o respetivo tempo de mão-de-obra e o fornecimento de consumíveis necessários. Depois, há ainda uma garantia específica sobre a carroçaria que cobre casos de perfuração devido a corrosão ocorrida de dentro para fora, sendo que a marca repara ou substitui quaisquer peças perfuradas por corrosão durante 8 anos. Isto, em Portugal.
Nos Estados Unidos, onde a marca tenta ganhar terreno, desde 2015, depois de, 20 anos antes, ter abandonado o mercado por vendas fracas e dúvidas sobre a sua fiabilidade, a garantia de fábrica oferecida foi esticada: são cinco anos ou 120 mil quilómetros, sendo que nos primeiros três oferece o serviço de manutenção programada e ao longo dos cinco inclui assistência em viagem sem gastos extra.
Ainda assim, um estudo da independente JD Power, publicado no início de 2021 sobre as marcas mais fiáveis no mercado norte-americano, colocava a Alfa Romeo entre as piores (um degrau abaixo apenas a Land Rover; a terceira pior foi a Jaguar). No extremo oposto, como as mais fiáveis, os louros foram para a nipónica Lexus, a alemã Porsche e sul-coreana Kia.
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