Euro 6e: O que dizem as novas regras para a homologação de veículos na União Europeia

A norma Euro 6e, aprovada pelos Estados-Membros da União Europeia a 5 de julho de 2022, traz mudanças significativas ao procedimento de homologação de veículos ligeiros. Embora não altere os limites de emissões definidos no Regulamento (CE) 715/2007, esta atualização reforça os testes de homologação, tornando-os mais rigorosos e representativos da realidade.
A Euro 6e entrou em vigor a 1 de setembro de 2023 para novos tipos de veículos, e tornou-se obrigatória para todos os veículos novos a partir de setembro de 2024. A norma inclui três fases de implementação progressiva: Euro 6e, Euro 6e-bis e Euro 6e-bis-FCM, culminando em 2027 com regras ainda mais apertadas.
Principais mudanças introduzidas pela Euro 6e
A adoção da norma Euro 6e traz melhorias nos testes de emissões e maior transparência, garantindo que os veículos vendidos na União Europeia cumprem padrões mais exigentes. Algumas das principais alterações incluem:
1. Ajuste dos fatores de utilidade dos híbridos plug-in
Até agora, os veículos híbridos plug-in (PHEV) beneficiavam de um cálculo de emissões que não refletia o seu uso real, levando a valores de CO2 inferiores ao que realmente emitem. A norma Euro 6e introduz novos fatores de utilidade, ajustando progressivamente a forma como as emissões destes veículos são calculadas:
- Euro 6e (2023): Mantém a referência de 800 km.
- Euro 6e-bis (2025): Aumenta para 2.200 km, aproximando-se da média real de uso dos PHEV privados.
- Euro 6e-bis-FCM (2027): Eleva para 4.260 km, considerando a utilização média de veículos particulares e de empresas.
Com esta alteração, as emissões oficiais de um BMW X1 xDrive25e PHEV, por exemplo, passarão de 45 g/km para cerca de 122 g/km de CO2, um aumento significativo que reflete melhor o consumo real.
2. Novos critérios para os testes de emissões em condução real (RDE)
Os testes de emissões em condições reais (RDE) foram ajustados para aumentar a precisão:
- Redução do fator de conformidade (CF): O limite de erro permitido nos testes RDE passa de 1,43 para 1,10 no caso dos NOx e de 1,5 para 1,34 no caso das partículas.
- Alargamento da faixa de temperatura normal: A temperatura normal para testes sobe de 0-30°C para 0-35°C, com emissões controladas até 38°C. A faixa inferior dos testes RDE continua a cobrir entre -7°C e 0°C.
- Testes válidos mesmo fora das condições ideais: Se um veículo cumprir os limites, o teste será considerado válido, mesmo que ocorram variações de temperatura ou tempo de paragem inesperado.
3. Maior transparência e controlo das emissões em serviço
A norma Euro 6e introduz novas obrigações para os fabricantes que permitem um maior controlo das emissões reais dos veículos em circulação:
- Monitorização de estratégias de emissões auxiliares (AES): Os veículos terão um indicador que mostra quando e qual AES está ativa.
- Testes de conformidade por terceiros: Autoridades independentes poderão realizar testes para garantir que os veículos cumprem as regras ao longo do seu ciclo de vida.
- Acesso facilitado aos dados de emissões: Os fabricantes terão de disponibilizar informações detalhadas sobre os testes de emissões realizados.
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Impacto no setor automóvel
A entrada em vigor da Euro 6e marca um passo decisivo rumo a uma regulamentação mais rigorosa, tornando os testes mais transparentes e fiáveis. As novas regras terão impacto direto nos fabricantes de automóveis, que precisarão de adaptar os seus modelos e tecnologias para cumprir os critérios mais exigentes.
Além disso, esta norma prepara o caminho para a Euro 7, a próxima grande revisão dos padrões de emissões na União Europeia, que deverá trazer limites ainda mais restritivos para os veículos a combustão.
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