Apesar de ser conhecido no mercado há já alguns anos, o DS 4 foi o último modelo a chegar às fileiras da DS para desafiar a hegemonia alemã no segmento premium.
Com uma imagem exterior ousada, mas elegante, algures a meio caminho entre um hatchback e um SUV coupe, e um interior altamente requintado, o DS 4 assume-se como um modelo que reflete a essência da DS: luxo francês, tecnologia de ponta e um design que não passa despercebido.
Mas será que esta edição especial Antoine Saint Exupery faz jus ao legado do homem que inspirou gerações com a sua visão sobre o essencial da vida e a arte de voar, e também ele nos faz querer viajar por quilómetros e quilómetros sem parar?
A história da DS começou em 1955, com o icónico Citroën DS, um modelo que revolucionou o mundo automóvel graças ao seu design futurista e à introdução de inovações como a suspensão hidropneumática, que anos mais tarde, veria a sua patente ser vendida à Rolls Royce, de tão confortável que era.
Desde então, a DS Automobiles emancipou-se da Citroen e evoluiu para uma marca independente, separando-se cada vez mais do popular construtor frances, mas trazendo sempre consigo a herança de inovação e transformando-a numa assinatura de sofisticação e exclusividade, colocando-a em pormenores que elevam os seus automóveis ao nível artístico.
Desde detalhes inspirados nos famosos bairros de Paris, nas mais icónicas atrações da cidade das luzes, ou até mesmo com a criação de edições especiais que a DS lança todos os anos. A de 2024 é em homenagem a Antoine de Saint Exupéry, e é composta por 3 modelos: o DS 3, o Principezinho, o DS 7, o Citadelle, e este DS 4, Correio do Sul, em homenagem ao primeiro livro do escritor, poeta e aviador francês.
A aviação é de resto um mote que pauta os vários pormenores deste modelo. Além da inscrição da frase na soleira das portas “as estrelas determinam para nós as verdadeiras distâncias”, presente no livro Correio do Sul, também no interior são vários os detalhes que remetem para o universo da aviação, como o padrão da costura que encontramos no tablier, ou até mesmo a pele de cor crioulo, uma tonalidade acastanhada muito usada na aviação na primeira metade do século XX.
Interior
Apesar do exterior não passar despercebido a ninguém, é no interior que o DS 4 promete mesmo dar cartas.
Embora a sua história como construtor independente seja muito recente, a DS já conquistou, por mérito próprio, direito a ser considerada uma marca premium, mas com pormenores dignos de uma marca de luxo, tal o nível de elegância e excelência.
A qualidade deste interior é exímia, e poucos são os sítios que não são forrados a pele que garantem um ótimo tato a qualquer superfície do habitáculo, mas também um odor muito agradável sempre que nele nos sentamos.
O conforto oferecido por estes bancos são também dignos de gamas superiores, já que para além de serem totalmente em pele e de oferecerem ótimo suporte e amortecimento, nesta versão especial contam também com várias funções de massagem, aquecidos e arrefecidos.
A posição de condução deste DS 4 é também muito particular, e sem par neste segmento. Os bancos permitem adotar uma posição bastante baixa, e o tablier tem uma linha de cintura bastante elevada, permitindo escolher uma posição muito desportiva, que nos faz sentir abraçados pelo carro, e muito semelhante, por exemplo, à que encontramos num modelo da Porsche.
Como a DS pertence também ao grupo Stellantis, o sistema de infoentretenimento é semelhante aquele que encontramos nos modelos mais recentes da Peugeot ou Citroen, mas mesmo assim, não deixa de ter detalhes únicos, como por exemplo, a forma caricata que a DS encontrou para criar atalhos no sistema operativo, numa espécie de touchpad e que acaba por tornar mais prática a operação enquanto conduzimos. Pena que a sua utilização seja limitada apenas ao acesso a atalhos e não o possamos utilizar para comandar o restante sistema.
Quanto ao espaço, os passageiros atrás não são tratados de forma diferente dos frontais, contando com igual cuidado na escolha de materias e bancos sobejamente confortáveis, podendo acomodar até 5 adultos, embora 4 seja a lotação ideal. E é interessante perceber que a linha de tejadilho ligeiramente descaída não rouba grande espaço para a cabeça dos ocupantes traseiros.
Na bagageira, encontramos 390L nesta versão PHEV, ou 439L nas versões a combustão acedidos por um portão elétrico. Em ambas as motorização, esta capacidade é ligeiramente superior à que encontramos nos principais rivais deste modelo Audi A3 ou Mercedes Classe A.
Ao volante
A DS tem como mote inventar o carro de amanhã, mas ao volante, o DS 4 é uma agradável surpresa, e arrisco a dizer que é do melhor que se faz hoje.
Além da silhueta atlética, que o fez ser galardoado com o prémio de carro mais bonito pelo júri do 37º Festival Internacional do Automóvel, em 2022, este DS tem uma condução que prima muito pela componente desportiva, sem descorar o conforto.
E quando falamos de carros premium, não basta parecerem ser confortáveis e desportivos. Para as expectativas não serem defraudadas, também têm que se comportar como tal. E neste caso, este DS 4, não se fica apenas pela abordagem desportiva na posição de condução.
Recordo-me que nos primórdios da DS, nomeadamente o DS 3 e o DS 7, estes modelos tinham acertos de suspensão a tender mais para o confortável, e desencorajaram a toadas mais rápidas.
Este DS 4, é todo o contrário, convidando mesmo a curvas ou a andamentos apressados em autoestrada, garantindo sempre compostura, independentemente do tipo de andamento escolhido.
Isto é conseguido muito graças ao auxílio, de série, de suspensões pilotadas, um opcional de 1100 euros em alguns DS 4 a combustão, e que se distinguem das mais habituais adaptativas, por fazerem uso da câmara dianteira e outros sensores.
Isto significa que consegue «ver» a estrada à sua frente, ajustando em tempo real o amortecimento em cada roda individualmente, antes de passar por essa secção de asfalto.
No entanto, a direção deste DS 4 não é a mais informativa. Nesse capítulo, os alemães levam ligeiramente a melhor. E é fácil perceber o porquê. Apesar de não desapontar no capítulo dinâmico, este modelo aponta sobretudo a um público mais executivo.
A adoção da mais recente versão da plataforma EMP2 permitiu a este DS 4 disponibilizar uma vasta gama de motorizações, que passam por três motorizações a gasolina — 130 cv, 180 cv e 225 cv — um bloco Diesel BlueHDi de 130 cv, ou até uma versão híbrida plug- in, também com 225cv. Todas estas versões surgem associadas a uma caixa automática de oito velocidades.
Esta versão que temos para ensaio é precisamente essa, que dispõe do motor 1.6 PureTech de 180cv e um elétrico de 110cv, associado a uma bateria de 12.4kWh, para uma autonomia 100% elétrica anunciada de 62km, ainda que na realidade seja difícil ultrapassar os 50.
Nesta versão eletrificada, e graças à potência combinada e aos 360 Nm de binário máximo, o DS 4 é capaz de acelerar dos 0 aos 100 km/h em 7,7s e superar os 230 km/h de velocidade máxima.
Quando a bateria acaba, os consumos, em velocidade estabilizada de auto-estrada, ficam-se ligeiramente abaixo dos 7L/100km percorridos, permitindo uma autonomia superior a 550km graças ao depósito de 40L.
Preços
Quanto a preços, o DS 4 começa nos 36.274€ para a versão 1.2 PureTech de 130cv, a gasolina e estendem-se até aos 53.194€ para o DS 4 E-Tense Saint Exupery, com motorização híbrida plug-in. Algures pelo meio destes valores encontramos as versões diesel, e híbridas, na casa dos 40.000€.
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