Comprar um carro clássico faz parte do imaginário de qualquer “petrolhead”. Mas será que é um bom investimento? Conheça prós e contras de um carro antigo.
Comprar carros clássicos é, sem dúvida, um sonho para qualquer apaixonado por automóveis mas, ao mesmo tempo, pode ser também uma grande dor de cabeça e um poço de investimento sem fim, caso não façamos a “compra certa”.
Por norma, comprar um clássico é considerada uma excentricidade para a maior parte das pessoas. Aliás, os carros mais caros do mundo são, na verdade, carros clássicos, sendo que o título de carro mais valioso pertence a um Ferrari 250 GTO de 1962, que foi vendido por mais de 50.000.000€!
Alguns carros antigos, sobretudo aqueles mais raros ou mais especiais, hoje em dia podem custar mais do que um carro topo de gama de qualquer marca premium alemã e, se bem estimados, daqui a apenas alguns anos, o seu valor de mercado poderá duplicar. Porém, nem todos os carros clássicos custam fortunas. Alguns são até bem baratos e é aqui que saber distinguir um “carro velho” de um “carro clássico” faz toda a diferença.
Em média, um carro novo perde aproximadamente metade da sua cotização ao fim de apenas 5 anos de vida. Após esse período, o valor do automóvel vai descendo gradualmente, até ao ponto em que estabilizará. Volvidos alguns anos – e isto dependerá sempre do comportamento do mercado e da evolução das tecnologias -, o automóvel poderá começar a valorizar-se e a subir o seu preço e é aí que se dá o “virar da moeda” e os carros se tornam em clássicos.
Saiba, então, como distinguir um carro antigo de um carro clássico, quais os prós e contras de ter um automóvel antigo e que cuidados exige ter um clássico na garagem.
Comprar um carro clássico: tudo o que deve ter em conta
O que é, afinal, um carro clássico?
O conceito de carro clássico generalizou-se com o aparecimento, em 1973, da revista inglesa “Thoroughbred & Classic Cars”. Segundo o ACP (Automóvel Clube de Portugal), entidade que no nosso país certifica os clássicos, um carro clássico é algo que não passa de moda, devido às suas características intrínsecas de qualidade (técnica e estética), à sua importância histórica, raridade (ou exclusividade) e, mesmo, à sua relevância afectiva (carisma). No caso dos clássicos, a idade conta pouco, ou mesmo nada, já que existem automóveis e motos actualmente em producção que podem ser incluídos nesta categoria.
Cuidados a ter com um clássico
Um carro clássico, devido à sua importância e exclusividade, não será um carro que, em princípio, quererá (nem deverá) utilizar todos os dias. Como tal, este automóvel deverá ficar parado durante vários dias, no mesmo local.
Pelo factor da exclusividade, um carro clássico requer outros cuidados que um carro mais “comum” talvez não requeira. Além disso, ter alguns cuidados com a sua manutenção poderá influenciar (e de que maneira) o seu valor no futuro.
Se tiver um carro clássico, deverá guardá-lo sempre dentro de uma garagem. Deste modo, o automóvel ficará menos exposto às condições climatéricas adversas, como a exposição ao sol ou à chuva e, preferencialmente, mesmo dentro da garagem, o carro deverá estar coberto com um pano, para prevenir que o pó deteriore a pintura e, também, que entre dentro do habitáculo e contamine o interior.
Portanto, ter um carro guardado numa garagem exige alguns cuidados redobrados que deve conhecer, tais como:
1. Desligar os cabos da bateria
Os carros antigos têm poucos componentes electrónicos. Portanto, a bateria deverá “aguentar” algumas semanas, até se desligar por completo. No entanto, e para aumentar a longevidade deste componente (que custa várias dezenas de euros), sempre que o carro estiver parado por um período superior a 1o dias, deve desconectar os cabos da bateria dos respetivos terminais.
2. Evitar usar o travão de mão
Outra das coisas que não deve fazer é utilizar o travão de mão para imobilizar o carro. Isto, porque pode levar a que as sapatas do travão fiquem empenadas. O melhor é colocar uns calços nas rodas para evitar que o carro se mova. Convém também perceber se o local onde deixa o carro parado tem muita humidade. Se for esse o caso, as lonas de travão podem oxidar e colar ao tambor, fazendo com que as rodas traseiras fiquem bloqueadas. Antes de deixar o carro parado, deve lubrificar os discos e tambores de travão.
3. Encher bem os pneus
Devido ao peso do automóvel, o facto de estar parado no mesmo sítio por algum tempo deverá fazer com que os pneus fiquem achatados. Por este motivo, os pneus devem ser enchidos com uma pressão algo superior à recomendada pelo fabricante e, idealmente, o carro deverá ficar sobre umas almofadas para pneus (poderá encontrar várias à venda na internet, se pesquisar por “tyre cushions“) ou, então, deve elevar o carro sobre preguiças, de modo a não apoiar a totalidade do peso sobre os pneus e, assim, garantir que estes mantêm a sua forma original.
Quais os prós e contras de ter um clássico?
Quando se tem um carro clássico e se é um aficcionado pelo automobilismo, os prós serão sempre mais do que os contras. Ainda assim, para que possa ponderar se de facto deve ou não fazer um investimento num carro desta categoria, iremos enumerar alguns prós e contras.
Prós
- Sem dúvida, o maior pró de ter um carro clássico é o orgulho que se sente ao ter um pedaço de história na garagem. Por outro lado, nada baterá o sentimento que é passear numa tarde solarenga de fim-de-semana ao volante de um automóvel que representa parte daquilo que, em tempos, foi a indústria automóvel e que nos cabe a nós preservar;
- Outra das vantagens de ter um carro clássico é que, embora haja vários custos associados, este é um investimento com alta capacidade de retorno no futuro. Um clássico nunca perderá o seu valor de mercado e, com o passar do tempo e dependendo da sua importância, poderá inclusivé ver o seu valor aumentar;
- Ter um carro clássico e cuidar de toda a sua mecânica e estado de preservação é, muitas das vezes, um processo terapêutico que ajuda a espairecer de todo o stress laboral e familiar e, sem dúvida, é o melhor fármaco para qualquer petrolhead;
- Saiba, ainda, que alguns carros clássicos beneficiam de alguns incentivos fiscais, como a isenção de IUC ou, até, um seguro bastante barato.
Contras
- Obviamente, ter um carro antigo tem alguns contras também, mas contamos pelos dedos de uma mão aqueles com que realmente se terá que importar. O primeiro e principal é que um carro clássico exige tempo e dedicação e, embora os custos de manutenção não sejam caros e a mecânica seja relativamente simples, os carros deste tipo deverão precisar de intervenções mecânicas com mais regularidade do que os restantes automóveis;
- Se quiser ter um carro clássico, deve certificar-se que tem algum dinheiro de parte, boas condições para o guardar e, sobretudo, muita paciência, pois tudo isto lhe irá ser exigido.
E, afinal, será que vale a pena comprar um clássico?
Comprar um carro clássico vale sempre a pena, desde que tenha disposição e vontade para cuidar de “mais um filho” que, por vezes, lhe trará alguns dissabores, mas muitas mais vezes lhe trará momentos de pura felicidade.
Os clássicos fazem parte da história do automobilismo e, por consequência, parte da história mundial e do desenvolvimento social e industrial. São, por norma, investimentos seguros, mas que exigem que saiba alguma coisa sobre carros e sobre o mercado, para poder avançar para a compra de um clássico. Se acertar “na mouche”, poderá orgulhosamente dizer “Eu tenho um clássico!” e, ainda, lucrar alguns milhares de euros no futuro.
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