Os carros elétricos passaram, num ápice, de serem aves raras para ocuparem um lugar central no conceito da mobilidade do futuro, mas também já do presente. No entanto, o seu funcionamento pode parecer ainda um bicho de sete cabeças, quando é exatamente o oposto: o motor de um carro elétrico tem menos componentes e funciona de uma forma muito mais simples do que os blocos a combustão.
Diferenças entre os motores térmicos e motores elétricos
Mas o que distingue o sistema dos motores térmicos convencionais dos motores dos carros elétricos? Em primeiro lugar, o princípio da conversão de energia para o movimento mecânico. Enquanto um motor de combustão interna depende da termodinâmica para queimar combustível, apresentando depois um mecanismo do tipo de manivela (cilindros, pistões, válvulas, cambota, etc.), o motor elétrico faz essa conversão aproveitando as forças eletromagnéticas geradas quando uma corrente elétrica atravessa um campo magnético, contando com um estator e um rotor para impulsionar o veículo. Ao mesmo tempo, o motor elétrico consegue atuar como um gerador e, aproveitando a energia da inércia, quando se trava ou se desacelera, fornece energia à bateria.
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Indo mais ao detalhe do motor elétrico, este obedece ao princípio do eletromagnetismo aplicado. Ou seja, o magnetismo tem a capacidade de exercer uma força física capaz de colocar objetos em movimento. Para que isso seja possível é necessária a utilização de ímãs, com a capacidade de atração e repulsão. Assim, quando o carro é ligado, a corrente elétrica chega à bobina, dentro do rotor, que emite um campo eletromagnético, o que leva o rotor a girar.
Motor de um carro elétrico tem uma manutenção mais simples
Como consequência direta destas diferenças, a manutenção é radicalmente diferente. Até porque, como se diz atrás, há um único componente com que nos devemos preocupar num motor elétrico: o rotor. Além disso, os serviços de assistência têm de ser consultados com muito menos regularidade: não há óleo do motor para mudar, nem filtros de óleo, de ar, de combustível. Depois, até os componentes que são os mesmos num e noutro carro, sofrem menos desgaste no veículo elétrico (caso, por exemplo, dos travões, uma vez que o carro tem tendência a travar na desaceleração.
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Depois, a resposta dos dois motores é muito diferente, já que a potência e o binário de um motor de combustão precisam do aumento da rotação para se mostrarem disponíveis. Isso não acontece com os engenhos elétricos, cujo binário máximo está disponível a partir do arranque (parecendo morrer à medida que se acelera mais). No entanto, a ampla faixa de rotação do motor elétrico, significa que não precisa de uma transmissão de múltiplas velocidades com embraiagem.
Dinâmica dos motores dos carros elétricos
No que diz respeito ao divertimento de condução, é certo que os elétricos ainda não estão tão apurados quanto os carros a combustão. No entanto, com o desenvolvimento de plataformas específicas para aquele tipo de energia e com a opção de montar o motor no eixo traseiro, que permite que o motor elétrico transfira o seu potente binário para a superfície da estrada com mais eficiência, conduzir um elétrico já está longe de operar um eletrodoméstico.
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No entanto, vê-se cada vez mais modelos com motores montados à frente e atrás, o que permite não só dotar o carro de mais potência, como equilibrar pesos e desfrutar da estabilidade de quatro rodas motrizes.
E por falar em potência, é relevante compreender como é calculada a potência de um automóvel elétrico, algo bem mais complicado do que acontece num carro movido a gasolina ou a gasóleo. No caso do elétrico, a potência final é calculada pelos kW debitados pelo motor, mas também tendo em conta a capacidade da bateria (medida em kWh, a mesma unidade em que é calculado o consumo), o que significa que exatamente o mesmo motor possa, associado a baterias de capacidades diferentes, debitar mais ou menos potência.
Os motores “plug-in”
Claro que estamos, ao longo de todos estes pontos, a falar de BEV, ou seja, veículos elétricos a bateria. No caso dos PHEV (veículos elétricos híbridos de ligar à corrente), o conceito é diferente, até porque a arquitetura de um motor híbrido tem que ter em conta as características do motor de combustão interna e as particularidades do motor elétrico, ao mesmo tempo que deve fazer com que haja uma gestão otimizada entre os dois, para que o veículo saiba, de forma automática e eficiente, decidir quando deve circular em modo exclusivamente elétrico, recorrer ao motor de combustão ou fazer a utilização de ambos.
Ainda assim, há maneiras do condutor se sobrepor à vontade do veículo e escolher o modo de condução preferencial, tendo em conta a situação e até a localização. Se, por exemplo, souber que no fim da viagem irá entrar numa zona de emissões reduzidas, poderá, na grande parte dos automóveis “plug-in”, usar exclusivamente o motor a combustão até lá, poupando a carga elétrica para circular nessa zona limitada.
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