Com o recente envolvimento da Porsche na produção de combustíveis sintéticos, estes voltaram a ganhar a atenção do público em geral, mas será o custo viável comparativamente à gasolina e ao gasóleo?
O que são combustíveis sintéticos?
Os combustíveis sintéticos, também conhecidos por e-fuels, são produzidos a partir da combinação de gás de hidrogénio (H2) e dióxido de carbono (CO2). Criados através de um processo químico, sem base de petróleo, acabam por gerar um combustível que pode ter características semelhantes à gasolina ou ao gasóleo. Para além de serem mais puros, permitem ainda uma combustão mais limpa e eficaz, com menor emissão de poluentes.
São, portanto, alternativas mais sustentáveis para abastecer os motores de combustão interna dos automóveis e dos processos industriais.
Como é feita a produção dos combustíveis sintéticos?
O combustível sintético pode ser conseguido a partir da biomassa, do carvão mineral, da água e do dióxido de carbono (CO2) disponíveis na atmosfera. Caso seja produzido com dióxido de carbono, como durante o processo de produção já é utilizado CO2, este elemento pode ser retirado durante a queima, reduzindo a emissão de CO2 para a atmosfera.
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Relativamente ao processo em si, existem várias maneiras de produzir combustíveis sintéticos, porém os mais utilizados são a hidrólise, a gaseificação e a pirólise. Todavia, para serem neutros em carbono, terão de ser produzidos exclusivamente com energias renováveis.
Quais as vantagens dos combustíveis sintéticos?
Uma das razões pelas quais os combustíveis sintéticos são considerados alternativas viáveis aos combustíveis utilizados atualmente é o facto de apresentarem diversas vantagens, nomeadamente:
- Por serem um combustível artificial, não têm subprodutos, ao contrário da refinação de petróleo para adquirir gasóleo ou gasolina, tornando-o uma opção bastante mais limpa e eficaz, podendo alcançar uma redução de dióxido de carbono por volta dos 85%;
- Permitem reduzir a emissão de gases poluentes e com efeito de estufa para a atmosfera, o que lhes concede a capacidade de conter as alterações climáticas;
- São mais acessíveis e sustentáveis, comparativamente aos combustíveis tradicionais;
- São compatíveis com a infraestrutura e tecnologia utilizada no fabrico dos veículos e nos equipamentos da indústria automóvel.
Em suma, a vulgarização do uso de combustíveis sintéticos, especialmente em países como Portugal onde é possível criar energia renovável, pode dar um contributo crucial para a descarbonização do planeta terra.
O interesse da Porsche pelos combustíveis sintéticos
A Porsche tem vindo a reforçar o seu compromisso com a produção industrial de e-fuel, tendo já investido 75 milhões de dólares na HIF Global LLC, uma empresa produtora de e-fuels, cujo foco é a descarbonização.
Para além deste investimento, o fabricante automóvel investiu também mais de 20 milhões de dólares na construção e desenvolvimento do projeto Haru Oni eFuel no Chile. Iniciado pela Porsche e implementado em parceria com a Siemens Energy e ExxonMobil, espera-se que o Haru Oni eFuel comece a produzir e-fuels a partir de hidrogénio e CO2 utilizando energia eólica em meados de 2022. Estes combustíveis sintéticos, por serem à base de eletricidade, vão permitir uma operação praticamente neutra em dióxido de carbono dos motores de combustão.
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Segundo Barbara Frenkel, Membro do Conselho Executivo da Porsche “Os e-fuels dão uma importante contribuição para a proteção do clima e complementam a nossa eletromobilidade de forma significativa. Ao investir na produção industrial de e-Fuels, a Porsche está a expandir ainda mais o seu compromisso com a mobilidade sustentável. No total, o nosso investimento no desenvolvimento e fornecimento desta tecnologia inovadora chega a mais de 100 milhões de dólares”.
Para além dos inúmeros investimentos em e-fuel, a Porsche já mostrou interesse em utilizar este tipo de combustível em competições. Tendo os combustíveis sintéticos compatibilidade com a tecnologia e com a infraestrutura utilizada na produção dos automóveis, incluindo os mais antigos, a sua utilização não necessitava de grandes adaptações aos motores de combustão atuais.
Quanto podem custar os combustíveis sintéticos?
Ao dia de hoje, os combustíveis sintéticos são significativamente mais caros do que os combustíveis de origem fóssil, principalmente pelo facto de necessitarem de hidrogénio para ser produzido.
Num estudo da eFuel Alliance, a empresa apresentou uma variação de preços de acordo com as condições do mercado e da produção a determinada altura. Com quantidades crescentes de e-Fuels a serem misturadas gradualmente aos combustíveis convencionais e os custos de produção a baixar devido às economias de escala, os e-Fuels seriam acessíveis para os consumidores em todas as fases do crescimento do mercado, até que em 2050 tomariam o lugar dos combustíveis de origem fóssil.
Embora os custos de produção de um litro de e-Fuel em 2025 com uma taxa de mistura de 4% com combustíveis convencionais sejam estimados entre 1,61€ e 1,99€, em 2050 este custo pode diminuir para entre 0,70€ e 1,33€ por litro de e-Fuel com 100% de taxa de mistura.
Até lá prevê-se que o custo em 2030 com uma mistura de 12% varie entre os 0.98€ e os 1,75€, em 2035 com uma mistura de 42% seja de 0,91€ a 1,64€ e em 2040 com uma mistura de 80% varie entre 0,84€ e 1,54€.
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