Comprar um carro usado pode ser a solução para quem carece de um meio de mobilidade, mas não tem orçamento para chegar a um novo. Também pode ser a forma de conseguir o carro de sonho por, às vezes, metade do preço.
Mas, como em tudo, o facto de ser usado pode ser fruto de vários problemas. Por isso, antes de fechar negócio, é preciso fazer uma apreciação minuciosa ao objeto de desejo. E até, se for conveniente, consultar um perito antes de assinar os documentos que finalizarão a compra. Seja como for, siga o guia que lhe deixamos para que nada falhe.
Guia para comprar um carro usado
Combine o encontro de dia
Viu um carro usado que lhe interessa, estudou ao pormenor a mecânica desejada e os extras incluídos, mas falta-lhe inspecionar tudo ao vivo. Nesse caso, marque o encontro sempre durante o dia, num local bem iluminado: não só se protegerá de encontros indesejados como conseguirá tirar partido da luz natural para poder avaliar o objeto de desejo com todo o cuidado.
Passe o exterior a pente fino
Depois de dar uma volta e passar um olhar pelo geral, dedique-se aos pormenores, começando por analisar os pontos do veículo mais sujeitos a ferrugem: guarda-lamas, sob as portas e nos frisos destas, em torno dos vidros, sob o capô ou nas saliências do porta-bagagem.
Mesmo que não haja vestígio de ferrugem, procure sinais de esse poder ser um problema futuro. Se detetar bolhas na pintura será mais do que certo que em pouco tempo a ferrugem irá aparecer.
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Enquanto analisa a pintura do automóvel, procure a existência de riscos (que desvalorizam a viatura), mas sobretudo de diferenças de tons que podem indicar que o carro já esteve envolvido num acidente e que teve painéis pintados.
Analise para-choques e grelha: desalinhamentos podem também indicar acidente e, pior, um comportamento prejudicado em termos dinâmicos.
O estado dos pneus não deve ser subvalorizado. É verdade que estes se substituem facilmente, mas um desgaste irregular pode ser fruto de defeitos da suspensão.
Avalie os amortecedores, pressionando os guarda-lamas e soltando repentinamente. Se o carro oscilar uma ou duas vezes, avance sem medo. Caso mantenha a oscilação por mais tempo, muito provavelmente terá de pensar em investir em amortecedores novos.
Faça uma apreciação demorada das borrachas: se as mesmas se encontram ressequidas ou lassas. E não se esqueça de verificar os cromados.
Sinta os interiores
Não basta um olhar rápido pelo habitáculo. Demore-se dentro do mesmo e analise-o minuciosamente.
Comece por testar cintos de segurança, verificando se deslizam e se prendem bem. Abuse das regulações dos bancos para perceber se todas estão a funcionar convenientemente. Ainda em relação aos assentos, faça uma análise de todas as costuras e olhe para os sítios mais recônditos.
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Aprecie o forro do tejadilho e tente perceber se existe alguma bolha de ar que irá fazer com que o mesmo simplesmente se solte totalmente com o passar do tempo. Já no piso do veículo, levante os tapetes, verificando se há gato escondido com o rabo de fora.
Teste o isqueiro, se o houver, ou a tomada do mesmo. Verifique todas as ligações existentes USB e Aux. Se o veículo possuir sistema de info-entretenimento, experimente todas as suas funcionalidades.
Teste ainda todos os botõezinhos, dos que abrem e fecham os vidros aos que regulam o ar condicionado ou o rádio.
Tudo funcional?
Chegou a hora de perceber se o carro usado está mesmo em condições.
Dê à chave (ou carregue no botão de ignição) e verifique, em parado, se tudo funciona: buzina, piscas (idealmente, leve alguém consigo que possa atestar o bom funcionamento do lado de fora) e luzes (mínimos, médios, máximos, de nevoeiro, de travões…).
Acione o limpa para-brisas e verifique se o mesmo se encontra capaz de ser uma ajuda num dia de chuva forte.
Ainda sem sair do lugar, teste todos os pedais e verifique a existência de folgas. No caso do pedal do travão, mantenha-o pressionado por alguns segundos para perceber se o mesmo cede ou se mantém a pressão.
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Destrave e trave com o travão de mão: se for manual, tente perceber se está demasiado dilatado; se for elétrico, verifique se trava à primeira ou se necessita de repetir a ação.
Rode o volante, energicamente, para um lado e para o outro, verificando a resposta das rodas.
Conheça o coração do carro
Abra o capô e aprenda a ouvir o coração do carro. Aqui, deve ainda aproveitar para comparar o número do chassis com o do certificado de matrícula ou do livrete.
Confirme se o radiador se encontra bem vedado, se as borrachas apresentam um aspeto saudável ou se todo o bloco se encontra sem óleo (o contrário pode significar fuga).
Confira o nível do óleo e o estado do mesmo – também é algo que se muda facilmente, mas um óleo em muito mau estado representa negligência por parte do proprietário atual.
Faça um teste drive
Regra de ouro: nunca, mas nunca, feche negócio sem realizar um test-drive a um carro usado.
Tente fazê-lo num percurso que misture vários tipos de traçado, de forma a observar o comportamento do carro em cada um deles, e sempre por um tempo mínimo de 30 minutos – uma hora será o tempo ideal, mas a maioria dos proprietários não terá disponibilidade.
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Durante esse tempo, desenvolva todas as velocidades disponíveis da caixa. Não se foque apenas na aceleração: pratique reduções, tente perceber como a primeira se comporta no arranque e nas manobras. Além disso, teste os travões tanto numa situação regular como numa mais radical. E, durante o tempo todo, escute com atenção a música do automóvel. Se se assemelhar a uma orquestra descompassada, mais vale deixar o negócio para outro dia e pensar melhor.
Se, pelo contrário, o veículo passar com distinção todos os testes, parabéns! Está na altura de comprar o carro que procurava.
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