A Mercedes-Benz, do grupo Daimler AG, ganhou a aprovação regulatória para implementar um sistema de carros autónomos na Alemanha, ultrapassando assim a Tesla Inc. de Elon Musk e ganhando uma vantagem na corrida para oferecer níveis mais altos de automação naquele é que um dos mercados automóveis mais competitivos do mundo.
A autoridade alemã Federal Motor Transport Authority (KBA), aprovou, com base nos requisitos técnicos estabelecidos nos regulamentos das Nações Unidas, a utilização do sistema de condução semiautónoma de nível 3 (L3) da Mercedes-Benz, com velocidades de condução de até 60km/hora.
Segundo o presidente da KBA, Richard Damm, a KBA está a estabelecer padrões nacionais, europeus e internacionais de segurança no trânsito no caminho para a condução autónoma. De acordo com a marca alemã, o sistema de condução semiautónoma pode ser utilizado em situações de elevado trânsito ou em estradas congestionadas.
Este sistema foi desenvolvido através de tecnologia baseada em LiDAR (abreviatura em inglês para Light Detection and Ranging ou Laser Imaging Detection and Ranging) – uma tecnologia ótica de deteção remota que mede propriedades da luz refletida de modo a obter a distância e/ou outra informação a respeito de um determinado objeto ou superfície distante.
O recurso de condução semiautónoma irá ser disponibilizado pela primeira vez nos carros da marca Classe S no primeiro semestre de 2022. Inicialmente a utilização do modo L3 irá ser permitido em 13.191km de autoestrada na Alemanha.
Quanto custa um Mercedes Classe S novo?
O automóvel possui uma câmara e um microfone instalados no vidro traseiro e um sensor de humidade na caixa da roda, recebendo dados sobre a geometria da estrada, o perfil da rota, sinais de trânsito e eventos de trânsito incomuns através de um mapa digital HD.
Assim que o sistema estiver ativo, é possível controlar a velocidade e a distância e manter o veículo dentro da via desejada. Esta tecnologia permite também ao automóvel reagir a situações inesperadas na estrada e atuar de forma independente.
No caso de falha do sistema de condução automática, o condutor pode retomar o controlo do automóvel ao utilizar a opção “redundância”. Caso o condutor não consiga, por alguma razão, retomar o controlo do carro, o sistema pode dar instruções aos travões do veículo para parar.
Um automóvel com recurso a tecnologia de nível 3, pode assumir certas tarefas da condução, proporcionando uma experiência de deslocação sem utilizar as mãos. No entanto, o condutor não é dispensável, devendo estar sempre pronto para assumir o controlo do veículo a qualquer altura, quando solicitado pelo próprio.
Vai ser possível conduzir carros autónomos noutros países?
Segundo a Mercedes-Benz já estão a ser realizados extensos test-drives com esta tecnologia em países como os EUA e a China. Assim que houver uma estrutura legal nacional para operar veículos com condução semiautónoma em mercados adicionais, a tecnologia será implementada passo a passo.
Para além da regulamentação da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre os requisitos técnicos, cabe aos países também aprovar a legislação que esclareça onde e como tais sistemas podem ser usados, bem como questões de responsabilidade sobre os mesmos.
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Esta aprovação significa que a Mercedes-Benz venceu a Tesla e outras empresas concorrentes do mercado automóvel. Para além da Tesla, a Google está desde 2009 a desenvolver o seu próprio “Self-Driving Car” – Waymo – e tem iniciado, desde então, as suas próprias tentativas de criação de tecnologia de condução autónoma.
A Mercedes Benz já veio informar que está a lutar pela aprovação do regulador noutras jurisdições também, mencionando que o sistema Drive Pilot será uma opção disponível para os seus modelos Classe S e EQS em meados do próximo ano.
Controvérsia com a Tesla na Alemanha
A Tesla teve problemas no maior mercado de automóveis da Europa com a sua tecnologia de assistência à condução depois desta ser rejeitada por um tribunal alemão. A Alemanha rejeitou a promoção da tecnologia “Autopilot” da Tesla o ano passado, justificando que a empresa enganou os consumidores sobre as reais funcionalidades do sistema.
Há muito que o CEO da Tesla, Elon Musk, mostra uma opinião otimista sobre as capacidades dos seus carros, chegando ao ponto de cobrar milhares de dólares aos seus clientes por uma funcionalidade de “Full Self Driving” em 2016. A verdade é que, quase seis anos depois, a empresa ainda exige aos seus clientes que estejam totalmente atentos e prontos para segurar no volante e assumir a direção a qualquer momento.
A Mercedes Benz foi pioneira nos carros autónomos?
A Mercedes Benz não foi a primeira empresa de automóveis a comercializar a tecnologia de Nível 3 num carro da marca. Em 2020, a Honda Motor Co. recebeu a aprovação dos reguladores japoneses para a utilização deste sistema no seu modelo Legend, no entanto esta tecnologia foi implementada apenas numa produção limitada e foi apenas comercializada no Japão.
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