Aiways, BYD, MG. Estas são apenas três marcas de carros elétricos made in China que entraram no mercado nacional nos últimos tempos. Mas, pela Europa, há outras: BAIC, Nio, Seres, SWM, Wey ou Xpeng são apenas a ponta de um icebergue de dezenas de emblemas que veem na Europa uma enorme oportunidade, à medida que os carros elétricos ganham relevância e tendo do seu lado a capacidade de produção em escala.
Por isso, é de esperar que mais venham a caminho: em junho de 2023, o “Jornal de Negócios” noticiava que “no porto de Antuérpia houve 80 marcas chinesas a pedirem homologações de automóveis na Europa” nos 12 meses que antecederam o artigo.
A Comissão Europeia, porém, diz ter provas de auxílios diretos, benefícios fiscais, créditos à exportação e empréstimos concedidos por bancos estatais chineses às marcas de automóveis do país para “invadirem” a Europa, o que pode pôr em causa a justa concorrência no Velho Continente.
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A investigação, a decorrer, foi aberta depois de Bruxelas ter avaliado ter provas suficientes contra Pequim e “com base no facto de as importações de novos veículos eléctricos a bateria, concebidos para o transporte de passageiros, originários da República Popular da China, estarem a ser objecto de subvenções, causando assim prejuízo à indústria da União”.
A China, que tem emergido como potência económica, tem avançado com uma robusta estratégia de investimento estatal, que a UE contesta por afectar a concorrência. Em causa estão avultadas subvenções a empresas chinesas a investir no estrangeiro, principalmente em sectores estratégicos.
Europeus com cautela
Já antes, no arranque do ano, Carlos Tavares, o homem-forte da Stellantis, conglomerado que reuniu as marcas dos grupos FCA e PSA, mostrou-se preocupado com o facto de “os regulamentos europeus assegurarem que os automóveis elétricos produzidos na Europa são cerca de 40% mais caros do que modelos equivalentes produzidos na China”, chamando a atenção para o impacte económico e social.
Já Luca de Meo, à frente dos destinos da Renault, lembrou que “quando os japoneses e os coreanos chegaram à Europa, foi a mesma coisa”, escusando-se a defender políticas protecionistas, mas chamando a atenção para a necessidade que os fabricantes europeus têm de beneficiarem de sistemas de apoio semelhantes aos disponíveis para os fabricantes chineses. “O que não está nos hábitos ou nas regras da comunidade europeia [é o apoio à produção]”, sublinhou, frisando a importância de reverter esta mentalidade. “Quando se quer vender automóveis, é preciso produzi-los e, para os produzir, é preciso construir fábricas e infra-estruturas.”
Segundo dados da Comissão Europeia, os carros eléctricos chineses, que entraram recentemente na UE, já representam 8% do mercado total, sendo 20% mais baratos face à concorrência europeia. Em Portugal, as marcas chinesas têm ainda pouca expressão, mas a tendência, sobretudo após a entrada da BYD no mercado, é de crescimento.
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