Apesar de estar longe de ser o principal fator que define o que é ou não um bom carro elétrico, a autonomia continua a ser um dos pontos mais importantes para quem está interessado em comprar este tipo de automóveis.
Mas o novo Renault Scenic tem muito mais para oferecer do que os 625km de autonomia anunciados pela marcam sendo é um dos modelos mais importantes nesta ofensiva que a marca francesa colocou no mercado este ano.
Para além de ter voltado a conseguir o prémio de carro do ano, algo que o original Scenic em 1997 também o tinha conquistado, revolucionou totalmente o seu conceito, passando agora a ser um SUV familiar, apenas disponível com motorização 100% elétricas.
No entanto, a preocupação familiar continua bem presente em cada um dos argumentos deste modelo, mantendo essa como uma característica transversal a todos os modelos Scenic do passado, e também do presente.
Mas comecemos por abordar o design. O novo Scenic segue uma nova filosofia de desenho com a assinatura de Gilles Vidal, antigo diretor de design da Peugeot que agora é o responsável máximo pelo aspeto dos novos modelos da Renault, e que tem conseguido criar modelos muito consensuais do ponto de vista estético.
As linhas do novo Scenic garantem-lhe um ar robusto, diria até algo conceptuais, e em especial nesta versão Espirit Alpine, mais desportiva, garantem-lhe também uma forte presença na estrada, muito mais impactante ao vivo do que propriamente em imagem.
Interior
No interior, o Scenic mostra-se idêntico ao que encontramos em alguns dos modelos mais recentes da Renault, e que também já tivemos oportunidade de ensaiar, nomeadamente o Megane E-Tech, o Austral ou o Espace.
Um interior bastante digitalizado, mas que não abdica de alguns comandos físicos para controlar algumas funções essenciais, nomeadamente a climatização.
Os únicos reparos vão mesmo para a falta de um botão físico para regular o volume do áudio, e para a antiquada haste-satélite para comandar o áudio, “importada” de modelos mais antigos da família Renault, e que acaba por destoar num ambiente tão futurista. Corrigidos esses dois pormenores, sinto que o interior deste Scenic seria elevado para um patamar próximo da perfeição.
No que toca à qualidade, o habitáculo tem uma apresentação muito cuidada, com uma junção de materiais suaves e pormenores que são agradáveis ao olhar, mas também ao toque.
Já no que toca a tecnologia e conectividade, o Scenic incorpora também um ecrã de 12’’ montado numa posição vertical direcionado para o condutor, e que conta com um muito intuitivo sistema operativo Android, com funções nativas da Google, como o Maps, o Google Assistant ou a Play Store, sendo possível descarregar algumas aplicações específicas para o automóvel, além claro, de conectividade Apple CarPlay ou Android Auto através de ligação sem fios.
Quando accionamos a navegação pelo Google Maps no sistema operativo do carro, para além de podermos ver em permanência a rota no quadrante digital atrás do volante, também vamos encontrar a informação da percentagem da bateria na chegada ao destino, assim como sugestões de paragens para carregamento se assim for necessário, mas esperamos que hoje não seja o caso.
Ao volante
No capítulo do conforto, o Scenic adopta uma abordagem muito mais relaxada e com preocupações familiares do que propriamente dinâmica. Sempre que é provocado numa curva mais sinuosa, o controlo de tração é chamado a intervir muito precocemente, acabando por retirar alguma emoção à condução.
No entanto, não é esse também o propósito deste Scenic, de nos fazer sorrir nas curvas, mas sim de nos levar, a nós, e à nossa família, do ponto A ao ponto B do modo mais eficiente e confortável possível.
E nesse capítulo, há pouco a dizer. Os bancos são bastante confortáveis, com uma boa oferta de suporte, tanto inferior como lateral, e o espaço existente também é muito generoso, podendo acomodar 5 passageiros com razoável conforto, ou se viajarem apenas 4, os passageiros dos bancos traseiros contam também com alguns gadgets que prometem tornar as viagens mais céleres, como é exemplo o apoia braços traseiro com suporte para copos ou tablets.
Os 545L de volumetria disponíveis na bagageira, acedidos por um portão 100% elétrico, também são um forte argumento no capítulo familiar, mas o facto de os cabos de carregamento serem apenas armazenados num fundo falso debaixo deste compartimento podem comprometer um pouco a sua praticalidade. Neste capítulo, por exemplo, a adição de um compartimento debaixo do capot seria muito útil, mas a arquitetura dos modelos elétricos da renault parece-me que não permite essa solução, ao contrário de alguns dos seus rivais.
O sistema Solarbay, desenvolvido pela Saint-Gobain, pode ser ativado por voz através do Google Assistant, e ser ajustado para diferentes necessidades: da total transparência à assumida opacidade.. A ausência de proteção em tecido é mais uma vantagem em termos de espaço, já que soma 3 cm à altura disponível para a cabeça.
Quanto custa um Renault Scénic usado?
A suspensão também acaba por ser confortável q.b, mas logicamente que os cerca de 2000kg de peso de marcha desta versão com a bateria de maior capacidade acabam por ter algum reflexo neste capítulo.
Quanto às especificações técnicas do Scenic, este novo modelo está agora disponível em 4 versões, com 2 diferentes motorizações, e 2 diferentes capacidades de bateria.
Em relação às versões, encontramos a mais básica evolution, seguindo-se da techno, esta espirit alpine e por fim, a mais equipada, iconic, ainda que mesmo a versão mais básica já conte com uma lista muito interessante de equipamento de série.
Sobre motores, as potências variam entre os 170cv para as versões de autonomia confort, associados a uma bateria de 60kWh úteis, disponíveis apenas nos níveis de equipamento Evolution ou Techno, e os 220cv, com um pack de baterias de 87kWh úteis, disponíveis para as 4 versões.
No fundo, uma vasta gama de equipamentos, motorizações e autonomias que se podem ajustar facilmente aos vários tipos de necessidades, sendo esse um dos principais argumentos deste Scenic.
Autonomia e preços
Outro dos argumentos deste automóvel face à concorrência, é o seu preço. Estando disponível a partir dos 40.690€ para a versão com menos autonomia, ou 46.500€ para a versão com a bateria mais alargada, o que não podendo propriamente ser considerado barato, e hoje em dia sabemos que não já não há carros baratos, torna-o num dos mais competitivos quando pomos na mesma balança preço vs autonomia oferecida.
Quanto à performance e autonomias, nesta versão Espirit Alpine, com 220cv, a velocidade máxima é limitada a 170km/h, e a aceleração dos 0 aos 100 a ser cumprida em 7.9 segundos. Valores modestos, mas que garantem alguma celeridade nas recuperações e ultrapassagens.
A autonomia anunciada pela Renault é de até 625km em ciclo WLTP, sendo logicamente inferior em auto-estrada, mas que cumprindo os limites máximos de velocidade permitidos, consegue superar os 400km. Em ciclo misto, e tendo em conta o registado no nosso ensaio, facilmente conseguimos registar consumos abaixo dos 20kWh/100km percorridos, o que garante uma autonomia real próxima dos 500km.
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