Amati Cars marca de luxo mazda

Redação

31/03/2022

5 min

Amati cars: o que aconteceu à marca de luxo da Mazda?

Houve um tempo em que a Mazda achou que seria uma boa ideia lançar uma marca de luxo. Batizou-a, chegou a desenvolver modelos, mas tardou demasiado e acabou por ser apanhada por uma conjuntura desfavorável que lhe ditou a morte ainda antes de chegar aos mercados. Esta é a história da Amati Cars.

Acura, Infiniti, Lexus. Três marcas de luxo das conhecidas construtoras nipónicas Honda, Nissan e Toyota, nascidas em finais dos anos 80 do século XX, após a estratégia dos Estados Unidos em restringirem o número de exportações automóveis. Então e a Mazda?

A Mazda apanhou o mesmo comboio que as suas congéneres japonesas e fundou a Amati Cars em 1988, revelando a sua intenção ao mundo em 1991, quando já tinha em carteira produtos que planeava lançar até três anos depois. A gama consistiria no Amati 300, um automóvel executivo compacto equivalente ao Infiniti G20 ou ao Acura Integra; o Amati 500, para concorrer com o Lexus ES ou o Acura Vigor; e o Amati 1000, que transbordava luxo e seria o carro que faria frente ao Lexus LS400, o Acura Legend e o Infiniti Q45.

Paralelamente, a marca de Hiroxima desenvolveu materiais de marketing, formou concessionários e avançou com a construção de uma fábrica ultramoderna para o seu tempo, em H?fu, na província de Yamaguchi, no Sudoeste da maior ilha do arquipélago. Estima-se que, nesse período, a Mazda investiu cerca de 50 milhões de ienes (um montante que corresponderá a 440 milhões de euros hoje em dia). E tudo parecia ir no bom caminho. Até porque a resposta norte-americana ao roadster Miata, o dois lugares que apaixonou (e ainda apaixona) gerações e que viria a dar lugar ao belíssimo MX-5, deu fôlego para que a empresa acreditasse que tinha hipótese no mercado dos EUA.

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Nos planos da Amati estaria a produção de um motor ultrapotente, mas completamente diferente do que era conhecido. A dada altura, no Salão de Tóquio, revelou um bloco de 3981 cc, de 12 cilindros em W, a gasolina e naturalmente aspirado, capaz de debitar 276 cv. Muitos anos depois, o antigo executivo da Mazda Bob Hall, que integrou a equipa de desenvolvimento do Miata, afirmou que este bloco não passava de um engodo.

Até que, em 1991, a Amati é anunciada ao mundo, ao mesmo tempo que é revelado que a sede da divisão de luxo da Mazda será em Irvine, Califórnia, e é dada a data de lançamento: primavera de 1994. Já o nome viria da expressão latina “amar”, mas a parecença com o nome Miati não passou despercebida – houve até quem considerasse o nome da marca um anagrama da designação do roadster.

O evento de apresentação, ao contrário do que seria de esperar, não causou grande euforia. Pelo contrário, alguns especialistas mostraram-se céticos em relação aos objetivos da Mazda. E pareciam estar a adivinhar. Afinal, depois do conflito no Golfo Pérsico não era difícil adivinhar que a economia mundial ia levar um tombo. E assim foi.

O colapso da bolha financeira e imobiliária do Japão resulta numa profunda depressão da economia japonesa – entre 1995 e 2007, o PIB japonês caiu de 5,33 biliões de dólares para 4,36 biliões (milhões de milhões) e os salários reais caíram cerca de 5%. Enquanto isso, nos EUA, a Guerra do Golfo provocou uma recessão que levou a uma quebra de procura por automóveis novos.

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A decisão de deixar cair a divisão Amati e perder todo o dinheiro aí enterrado dá-se quando a Mazda, por fim, percebe que não vai ter dinheiro para produzir os modelos almejados, sobretudo o topo de gama, o Amati 1000, que exigia um investimento de mais de 50 milhões de dólares numa altura em que os lucros caíam a pique e a marca tem até que desistir da sua presença em alguns desportos motorizados, depois de, um ano antes, ter conquistado, pela primeira e única vez, as 24 Horas de LeMans com o 787B e os pilotos Volker Weidler (Alemanha), Johnny Herbert (Reino Unido) e Bertrand Gachot (Bélgica).

Trinta anos depois, a Amati continua a povoar o imaginário de aficionados, sobretudo porque a Mazda parece decidida a apagar este episódio da sua história: nem o museu em Hiroxima nem o arquivo da Mazda na Califórnia contêm quaisquer referências à Amati.

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