Adeus, Genebra! Salão Internacional do Automóvel foi descontinuado
O Salão Automóvel de Genebra foi, durante décadas, a mais completa montra do que a indústria faz na Europa, com as marcas de todo o mundo a aproveitarem o facto de a Suíça ser território neutro para revelarem as suas principais novidades. Mais de um século após a sua fundação, o salão foi descontinuado e não deverá regressar à cidade suíça. A Fundação do Comité Permanente está agora de malas arrumadas para se fixar no Qatar, com a próxima exposição agendada para Novembro de 2025.
Fundado em 1905, foi aí que foram apresentados carros emblemáticos, como o Jaguar E-Type, Lamborghini Miura, o Aston Martin Vantage ou o primeiro Range Rover. Ainda em 2019, ano em que a feira atraiu mais de 600 mil visitantes, a Peugeot guardou para Genebra o lançamento da nova geração do 208, a Renault a revelação do Clio e a Bugatti destacou-se na exposição com o La Voiture Noire, um superdesportivo à venda por 11 milhões de euros.
Depois, veio a pandemia. E, num ano que se esperava repleto de novidades, o Salão de Genebra foi obrigado a cancelar o evento quase em vésperas do seu arranque. Foram precisos quatro anos para que o evento regressasse à cidade suíça, mas as expectativas de um regresso em grande saíram goradas: atraiu um terço dos visitantes da última exposição e assistiu a uma debandada das marcas, da Audi à Volvo, da Stellantis ao Grupo VW.
“É preciso dizer que a falta de interesse demonstrada pelos construtores pelo Salão de Genebra num contexto difícil para a indústria, a concorrência dos salões de Paris e de Munique, que são preferidos pela sua indústria nacional, e os níveis de investimento necessários para manter um salão deste tipo, são o golpe final para uma futura edição”, declarou Alexandre de Senarclens, presidente da Fundação do Comité Permanente do Salão Internacional do Automóvel, citado em comunicado.
Incapaz de atingir o seu objetivo estatutário, o Conselho de Administração da Fundação Comité Permanente do Salão Automóvel de Genebra, no âmbito das suas responsabilidades, informou que irá solicitar formalmente autorização à autoridade cantonal de supervisão das fundações para dissolver a Fundação. “Esta decisão surge na sequência do reconhecimento de que as condições de mercado na Europa não são propícias ao sucesso de futuras edições.”
Depois do fim de Genebra, o futuro internacional do automóvel pode residir no Qatar. “Para o seu próximo festival dedicado à excelência automóvel, e na sequência de uma primeira edição bem-sucedida, a GIMS Qatar pode continuar a contar com o know-how e as competências reconhecidas das equipas que iniciaram e desenvolveram o conceito e a sua implementação”, salientou Sandro Mesquita, CEO da GIMS. “É gratificante perceber que os salões automóveis continuam a atrair marcas em diferentes partes do mundo e que o Salão Internacional do Automóvel de Genebra reforçou o seu apelo no Médio Oriente”, concluiu.
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