A Renault é uma das marcas mais experientes no mundo dos elétricos, muito graças ao sucesso do Zoe, que em cerca de 10 anos já comercializou mais de 400 mil unidades que juntas percorreram mais de 10 mil milhões de quilómetros.
Deixando de lado todo e qualquer conservadorismo, o novo Megane E-Tech parece um concept car saído do papel ou dos salões automóveis diretamente para a estrada, e traz argumentos que o prometem popularizar entre as massas. Um automóvel que aposta no design arrojado para apelar à emoção, e tem como base a plataforma CMF-EV, da Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, com a qual espera conquistar a razão. Uma plataforma estritamente usada por modelos elétricos, que permite ganhos consideráveis em termos de compactação de elementos e funcionalidades tecnológicas.
Herdeiro de um legado de peso, estreado em 1995, transitam da última geração do Renault Mégane a combustão, ainda em comercialização, os faróis frontais em formato C, ainda que totalmente modernizados e as óticas traseiras unidas por uma faixa horizontal. Pormenores complementados por alguns detalhes em dourado que lhe conferem uma maior exclusividade.
Mas a Renaulution continua no interior do Megane E-Tech e estende-se muito além do novo emblema, presente com imponência no volante. Uma revolução não só na identidade, mas sobretudo na qualidade.
O habitáculo tem, na sua generalidade uma apresentação cuidada, com uma junção de materiais agradáveis ao olhar, e ao toque, e que funcionam muito bem em conjunto com a pele dos bancos e da parte central das portas. Bancos esses que, sobretudo à frente, sabem bem receber e convidam a passar várias horas sem aparente sinal de causarem fadiga. Encontramos a bordo alguns plásticos mais rijos, como de resto seria de esperar, mas é perdoável face ao aspeto geral do interior deste Megane E-Tech.
Com uma linha de tejadilho a quase assemelhar-se a um coupé, o espaço para ocupantes traseiros, se forem adultos e de estaturas mais elevadas, não é brilhante, mas a bagageira oferece uns muito respeitáveis 440L, um dos maiores da sua classe, aos quais se somam 22L adicionais debaixo do piso para acomodar os cabos de carregamento.
Quando ao ecrã que tem maior preponderância neste habitáculo, tem 12’’ e está montado numa posição vertical direcionado para o condutor. Tem um processador 7 vezes mais rápido que o do Mégane a combustão, e passou também agora a contar com um muito mais intuitivo sistema operativo Android, com funções nativas da Google, como o Maps, o Google Assistant ou a Play Store. Além disso contamos também com os sistemas de conectividade Apple CarPlay e Android Auto, com ligação sem fios.
O único reparo a fazer ao interior deste Megane E-Tech é mesmo a antiquada haste-satélite para comandar o áudio, fixa à coluna de direção, totalmente analógica e que acaba por destoar num ambiente tão futurista.
Ao volante
No volante do Renault Megane E-Tech encontramos p botão Multi-Sense que altera os modos de condução: Eco/Comfort/Sport/My Sense. O modo Eco limita bastante a aceleração e a velocidade máxima, e no modo Sport, a entrega de potência de uma forma talvez demasiado agressiva, acabando esta por ser “desperdiçada”. O modo Comfort acaba por isso por ser o mais “utilizável” neste 100% elétrico.
O Megane E-Tech tem duas baterias disponíveis com diferentes capacidades: 40kWh e 60kWh. Ambas asam a mesma caixa, apenas variando no número de células. Esta mesma caixa também contribui para a rigidez estrutural, e esse fator, em conjunto com a distribuição de peso 50-50 em cada eixo, são dois fatores que o tornam muito competente no capítulo dinâmico.
O novo motor elétrico é totalmente diferente do que equipava o Renault Zoe, sendo 15% mais leve e 20% mais pequeno. É um motor síncrono, sem ímanes permanentes, que usa 45% menos cobre e tem oito pólos em vez de quatro. Um motor que pode atingir as 14.000rpm e uma potência máxima de 245cv, o que deixa antever que, num futuro, talvez poderá existir uma versão Alpine do Megane, na teoria, com 490cv… Mas isto é apenas uma suposição.
A autonomia anunciada para a versão de 40kWh é 300km, para a versão de 60kWh 470km. Embora, numa perspetiva mais realista, e seguindo os consumos registados no nosso ensaio, os 350km de autonomia para a versão de 60kWh em ciclo misto sejam uma meta facilmente alcançável.
O Megane E-Tech admite carregamentos até 130kW, levando 30min para carregar dos 10 aos 80% num carregador que suporte estas velocidades. O tempo aumenta para 56min num carregador de 50kW, e 6:30h numa wallbox de 11kW.
A direção é bastante desmultiplicada, e duas voltas que o volante dá de topo a topo tornam-no muito fácil de manobrar em cidade, ainda que o revés da medalha seja o pouco feedback transmitido pelas rodas. As patilhas que encontramos atrás do volante permitem variar a capacidade de travagem regenerativa em 4 níveis, mas não é possível conduzir o Megane E-Tech em modo one pedal drive, pois nunca se imobiliza totalmente, nem tampouco é possível desligar totalmente a regeneração, fator que em auto-estrada aumentaria a autonomia máxima.
Quanto a preços, esses começam nos 32.990€ para a versão com menos potência, e menos autonomia, que se estendem até aos 43.990€ para a versão com 220cv, bateria de 60kWh e repleta de equipamento.
Configurar o novo Renault Megane E-Tech no Standvirtual
O futuro da Renault será, como sabemos, elétrico. Pelo menos na Europa. Mas o Megane E-Tech não é um carro do futuro, é o Renault do presente, e apesar de romper vários laços com o seu passado, continua a apresentar-se como uma proposta honesta e competente num segmento altamente disputado, e que provavelmente, num futuro muito próximo, verá a pressão de mercado fazer reduzir os seus preços.
E se para empresas com contabilidade organizada o Megane E-Tech é aquilo que podemos chamar um “no brainer”, com a maior democratização dos elétricos, certamente esta versão 100% elétrica também poderá sê-lo para os particulares, assim como foram todos os Megane até aos dias de hoje.
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