Os números das vendas de automóveis novos confirmam o ritmo veloz da mudança de paradigma do motor de combustão interna para o elétrico, mas o preço da tecnologia continua a ser um dos maiores obstáculos à sua democratização. Quando chegará, afinal, a anunciada paridade? Há três razões para acreditar que os preços dos automóveis elétricos vão, finalmente, descer nos próximos tempos.
Até 2040, os analistas da Bloomberg estimam que a adoção de carros elétricos deve disparar para mais de 700 milhões, bem acima dos 27 milhões em circulação no início deste ano.
Baterias mais baratas para os carros elétricos
As baterias são o coração dos automóveis elétricos e o seu componente mais caro, custando até 50% do valor total. O lítio, o principal elemento utilizado na sua composição, é um material caro e escasso. Razão pela qual o custo de produção não tem baixado ao ritmo desejado.
No entanto, o Departamento de Energia dos EUA estima que o preço de uma bateria de iões de lítio caiu 89% entre 2008 e 2022, e a Goldman Sachs relata que os preços das baterias cairão mais 40% até 2025. O que não impede a indústria de continuar a investir em alternativas, como o sódio, o sexto elemento mais abundante no planeta.
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As baterias de iões de sódio têm características semelhantes às de iões de lítio, mas oferecem menor capacidade e densidade energética. Trazem, porém, mais-valias importantes: não requerem metais raros, são mais fáceis de reciclar e funcionam melhor no frio, sendo o sódio obtido a um preço inferior.
Os chineses da JAC Motors já estão preparados para capitalizar este conjunto de vantagens e estão a ultimar o lançamento do Yiwe EV, o primeiro automóvel elétrico com baterias de iões de sódio produzido em larga escala. A empresa é detida em 75% pela Volkswagen, que ultrapassa assim a BYD na intenção de introduzir no mercado esta alternativa mais acessível às populares baterias LFP Blade da marca.
Também conhecida como solid-state battery (SSB), a bateria de estado sólido substitui o eletrólito líquido das baterias tradicionais por um material sólido. E também tem o potencial de ser mais barata devido aos materiais que se utilizam na sua fabricação (tendem a ser mais abundantes e com custos menores), ao processo de produção mais simples e à longevidade, com custos de manutenção e substituição menores.
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Expansão da rede de carregamento
Como pode o número de carregadores disponíveis ter influência direta no preço dos automóveis elétricos? Matthias Preindl, analista e professor de Engenharia Elétrica da Universidade de Columbia, explicou que um aumento e uma padronização da rede de carregamento permitiria aos fabricantes colocar menos esforço no desenvolvimento de baterias cada vez mais potentes, que aumentem a autonomia, tornando os seus veículos mais leves e baratos de produzir, com reflexos positivos também para o consumidor.
Economias de escala
Não é nenhum segredo bem guardado: a melhor forma de reduzir os custos de produção é produzir em maior número. É assim também quando falamos de veículos elétricos. “É necessário atingir uma certa escala para começar a ganhar dinheiro com automóveis elétricos e também para que os custos diminuam”, explica Valdez Streaty, diretor da Cox Automotive. “Estamos a começar a ver mais inovação e maior eficiência no processo de fabrico”, diz, apontando a Tesla como exemplo, com o seu novo processo de “gigacasting”, que permite otimizar processos normalmente complexos como é o processo de montagem do chassis estrutural, reduzido a uma única peça e num único molde.
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