Depois de mais de duas décadas de ameaças, os construtores automóveis chineses estão a desembarcar na Europa com os seus produtos.
As marcas que começaram por apostar em veículos baratos, que tiveram sucesso limitado no Velho Continente, fizeram marcha-atrás, investiram fortemente na área da tecnologia relacionada com o automóvel e trabalharam na eletrificação de uma forma muito mais rápida do que a indústria europeia. Os seus modelos tornaram-se assim mais apelativos a clientes ocidentais e prometem fazer a diferença, já que muitos deles foram criados por start-ups, que têm bases fora da China e apontam a um público mais exclusivo.
Até final do ano, o fabricante chinês Avatr será mais um a assentar arraiais na Europa, estabelecendo a sua sede na Alemanha, para prosseguir a ocidente o processo iniciado em agosto na China, o maior mercado de veículos elétricos do mundo.
À procura de um carro novo? Encontre-o no Standvirtual Novos
Huawei entra nos automóveis
Apesar de ser uma marca muito jovem, este fabricante automóvel chinês não é uma empresa inteiramente recente, apresentando-se antes como um novo capítulo na história da Changan Nio New Energy Automotive Technology, joint-venture criada em 2018 pela Changan Automobiles e a Nio. Contudo, há motivos mais fortes que levam alguns analistas a acreditar que a Avatr é mesmo uma das companhias chinesas com mais potencial no panorama atual.
Por trás deste nome (pronuncia-se “Avatar”) escondem-se três dos maiores consórcios industriais da China: o quarto maior fabricante em termos de automóveis vendidos naquele mercado, a Changan; o maior fabricante mundial de baterias de iões de lítio para automóveis e veículos elétricos, a CATL; e a gigante tecnológica Hauwei.
O formato e a tecnologia da moda
Depois da Apple e da Xiaomi, é a vez da Huawei avançar para o universo das quatro rodas. A marca chinesa de telemóveis é responsável pelo desenvolvimento de tecnologia de condução autónoma e sistema de software para multimédia e navegação nos carros da Avatr.
Toda a tecnologia de ponta oferecida num pacote apetecível à vista. O ponta de lança da nova marca chinesa é o Avatr 11 (lê-se “Avatar One One”), um estilizado SUV de segmento superior com linhas de estilo coupé e que, na sua versão mais potente, dispõe de dois motores elétricos para uma potência combinada de 430 kW, o equivalente a 584 cv.
A presença da CATL na joint venture oferece todas as garantias de um excelente desempenho no que diz respeito às baterias, disponíveis no Avatr 11 em duas configurações distintas, uma com 90 kWh de capacidade e outra maior, com 116 kWh, para autonomias que variam entre os 555 e os 730 km, de acordo com o ciclo de homologação chinês.
O prelúdio da aventura na Europa teve lugar em Munique, durante a última edição do IAA Mobility, onde a Avatr não só confirmou parte dos seus planos de expansão, como surpreendeu com a apresentação de um modelo novo, o 12 (lê-se “One Two”), uma berlina exclusivamente elétrica que aponta baterias ao Tesla Model 3, sendo ligeiramente maior em comprimento (5020 mm contra 4720 mm) e na distância entre eixos (3020 mm em vez de 2875 mm).
Artigo recomendado: BMW X5 e X6: ordem para digitalizar
BMW também debaixo de mira
De acordo com o CEO da Avatr, Tan Benhong, a startup pode expandir-se para além do mero design na Europa e está a explorar a produção local para apoiar planos de entrada em novos mercados no exterior nos próximos dois anos. Benhong afirma ainda que a Avatr tem como alvo específico o mercado premium na Europa e apontou especificamente a BMW como concorrente direto.
O patrão da Avatr não revela qual a estratégia para o lançamento do novo sedã 12, que assenta na mesma plataforma CHN do SUV 11 e apresenta o sistema HarmonyOS 4.0 da Huawei e baterias CATL, sem explicar se estas já incorporam as novas células ShenXing LFP de carregamento rápido.
Apesar de não existirem também detalhes concretos sobre o posicionamento para nenhum dos modelos, não é expectável que os carros da marca cheguem à Europa com os agressivos preços do mercado chinês, onde o Avatr 11 custa pouco mais de 38 mil euros…
Leia também: