Setor automóvel investe na economia circular

Redação

21/12/2022

4 min

Setor automóvel investe na economia circular

A indústria automóvel está sob crescente pressão para adotar práticas de economia circular, catalisadas pela necessidade de atender aos objetivos de descarbonização, criar cadeias de abastecimento sustentáveis e promover processos de produção ecológicos.

Ao contrário dos modelos tradicionais de economia linear, onde o consumo dos materiais tem um começo, meio e fim, sem expectativa de retorno ou de reciclagem, a economia circular procura reconstruir, reparar, reutilizar e reciclar componentes e materiais. O objetivo é prolongar a vida útil dos produtos, otimizar o consumo de recursos, minimizar o desperdício e tornar as cadeias de valor e os ecossistemas mais sustentáveis. Globalmente, é estimado que as iniciativas de economia circular possam gerar receitas de aproximadamente 4,5 triliões de dólares até 2030.

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Na indústria automóvel, as práticas de economia circular estão reunidas em torno de quatro áreas, também denominadas por 4 R’s:

  • Reconstruir: Esta é a primeira fase do processo, onde os componentes estragados são reconstruídos e posteriormente implementados em carros usados ou vendidos no mercado de reposição;
  • Reparar: Nesta fase, são reparados certos materiais que ainda estejam em mínimas condições para serem trabalhados e posteriormente utilizados em veículos;
  • Reutilizar: Esta é a fase responsável pela extensão da vida útil dos componentes e/ou materiais, onde as peças dos automóveis são reparadas proactivamente antes que desenvolvam qualquer falha, estendendo assim a sua vida útil e podendo ser reutilizados o máximo número de vezes para o mesmo fim;
  • Reciclar: Esta é a fase final do conceito da economia circular. O processo de reciclagem permite transformar matérias-primas extraídas de componentes usados para uma nova utilização tanto em novos automóveis como em outras indústrias para além do setor automóvel.

Estes são os 4 passos que estão atualmente a dominar os planos estratégicos dos principais grupos e marcas automóveis do mundo. O objetivo passa por descarbonizar a produção e utilização dos veículos, indo além da questão da motorização elétrica.

Iniciativas sustentáveis das marcas

O mais recente investimento partiu do grupo Stellantis, que tem no seu portfólio marcas como Citroën, Fiat, Alfa Romeo, Peugeot, entre outras.

Atualmente já reconstruiram mais de 12 mil peças, reutilizaram mais de 4,5 milhões de peças e, quanto à reciclagem, o grupo admite já ter recolhido um milhão de peças a partir de restos de produção e veículos em fim de vida.

Para além do impacto positivo para o ambiente, a aposta na economia circular parece ter sido uma boa decisão financeira, uma vez que o grupo prevê receitas superiores a 2 mil milhões de euros até 2030.

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A Renault também tem grandes planos para o futuro, tendo desenvolvido uma unidade exclusivamente dedicada à economia circular. O investimento inicial foi de 500 milhões de euros, mas prevê-se que o investimento traga um bom retorno, uma vez que a previsão passa por lucros de 2,3 mil milhões de euros nos próximos 8 anos. Com esta nova unidade, a Renault pretende levar a reciclagem para um novo patamar de eficácia, dando assim resposta aos desafios das alterações climáticas, aos novos requisitos regulamentares, bem como à escassez de matérias-primas que tanto afetou o setor este ano.

Existem outras marcas que também têm vindo a desenvolver projetos sustentáveis há algum tempo, como a BMW, que tornou público no final de 2021 o seu protótipo “i Vision Circular”.

O i Vision Circular é um concept car da BMW concebido em linha com os princípios da economia circular, tendo sido otimizado para ciclos fechados de materiais e tem como objetivo alcançar a utilização de materiais 100% reciclados. Para além de utilizar materiais 100% reciclados, estes são também 100% recicláveis.

Como objetivo a curto prazo, a BMW quer aumentar para 50% a incorporação de materiais reciclados nos novos carros (atualmente incorpora 30%).

Quem também traçou um plano até 2030 foi a Mercedes-Benz. A marca alemã afirmou que durante os próximos 8 anos quer reduzir o consumo de energia por automóvel fabricado em 43%, utilizar 40% de peças recicladas no fabrico de novos automóveis e reduzir em 83% os resíduos de produção.

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