A União Europeia já aprovou o fim da comercialização de automóveis novos alimentados por combustíveis fósseis. O fim está marcado para 2035, mas, mais e mais, surgem vozes dissonantes, que, movidos por uma série de realidades estranhas ao processo, como foi a pandemia de covid-19 ou o regresso da guerra à Europa, após a invasão russa da Ucrânia, que ponderam que as intenções de Bruxelas poderão ser demasiado ambiciosas.
Somada a esta conjuntura, os carros eléctricos ainda não atingiram o preço que se estimava há uma década, impedindo a sua real democratização, e a infraestrutura de carregamento ainda não tem um grau de fiabilidade capaz de convencer os mais céticos, apresentando condições muito distintas de Estado-membro para Estado-membro – e, numa Europa de circulação livre, este é um problema real.
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Mas a preferência pelos híbridos, sejam de carregamento externo ou não, não é um exclusivo europeu. Nos EUA, os números das vendas dos últimos meses revelam precisamente essa tendência, com as marcas que apostaram nas mecânicas híbridas e atrasaram a chegada dos elétricos a lucrarem (caso da Toyota).
Pressão climática
Já poucos se atrevem a defender a teoria de que as alterações climáticas são uma invenção: os últimos acontecimentos meteorológicos, da tromba de água no Dubai ao desastre das chuvas no Sul do Brasil, deixam poucas margens para dúvidas.
Por isso, há uma urgência em reduzir os gases com efeito estufa, com a indústria automóvel a ser pressionada a tomar medidas.
A eletricidade é uma das respostas, mas os automóveis híbridos, que utilizam simultaneamente um motor de combustão interna e um motor elétrico, produzem menos emissões do que os veículos convencionais a gasolina ou a gasóleo, com a vantagem de não estarem dependentes de uma tomada disponível.
Mas, há outra razão para que se tenham tornado populares entre as marcas, para além da óbvia vantagem ambiental. Com um teto máximo de emissões para cumprirem, as mecânicas híbridas resultaram numa solução economicamente viável para evitar as substanciais multas.
Infraestrutura deficiente
Portugal está entre os países da União Europeia com a mais desenvolvida infraestrutura de carregamento de veículos eléctricos. E, mesmo assim, não é incomum encontrar postos avariados, desligados ou simplesmente com uma fila de espera enorme.
Quando se tem em mãos um 100% elétrico, não há volta a dar. Ou ainda se tem bateria para ir à procura de outro posto ou nos resignamos a esperar. Com um híbrido, tudo é mais fácil. Os sem carregamento externo simplesmente dispensam os carregadores e os “plug-in”, que podem, em teoria, viver praticamente a emitir zero CO2, podem recorrer ao bocal da bomba de gasolina e seguir viagem.
O dedo da política
O sucesso das mecânicas anda, muitas vezes, ao sabor das políticas fiscais. Foi assim com o diesel, durante anos; é assim, atualmente, em Portugal, com os híbridos de ligar à corrente e com os 100% elétricos, ambos com vantagens e benefícios fiscais para empresas e empresários em nome individual (no caso dos 100% elétricos, há ainda incentivos à aquisição para particulares).
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Noutros sistemas fiscais, os híbridos sem carregamento também têm benefícios, já que são as emissões o alvo dos impostos e taxas. Não é o caso luso, em que os “full hybrid” apenas poderão ser atrativos aos particulares, já que estes poucos benefícios tiram da compra de um eléctrico.
O problema, dizem os mais pessimistas, começará quando os Estados abolirem benefícios e incentivos. E, nessa altura, entre um híbrido e um elétrico, muito provavelmente vencerá o primeiro, dada a solução equilibrada que apresenta: melhor para o ambiente que um gasolina ou um Diesel, menos penalizador para a carteira e, acima de tudo, fácil de utilizar.
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