No âmbito das competições automobilísticas, os circuitos citadinos tendem a desaparecer, substituídos por autódromos com outras condições de segurança e de capacidade para obter melhores performances. Dos que subsistem, destaca-se o do GP do Mónaco de F1.
Em Portugal, chegou a haver provas em vários traçados urbanos, antes e depois da criação da F1, em 1950. Desses circuitos, ainda subsiste o de Vila Real, onde se disputa uma etapa da Taça do Mundo de Carros de Turismo (WTCR).
3 autódromos portugueses
Autódromo do Estoril
Em Portugal, atualmente, existem três autódromos: o do Estoril, o do Algarve e o menos conhecido Vasco Sameiro, em Braga.
O mais antigo, com história mais rica, é o Circuito do Estoril, construído em 1972, por iniciativa de Fernanda Pires da Silva. O seu período áureo foi de 1984 a 1996, quando recebeu 13 edições do Grande Prémio de Portugal de Fórmula 1. No ano de estreia, assistiu logo a um feito assinalável: o austríaco Niki Lauda conquistou lá o tricampeonato. Foi ainda no Estoril que o brasileiro Ayrton Senna da Silva, para muitos o melhor piloto da história da F1, conquistou o seu primeiro triunfo num Lotus-Renault, a 21 de abril, de 1985, um domingo chuvoso. Mais tarde, em 1993, o francês Alain Prost garantiu ali também o seu quarto e último título na disciplina.
Embora a sua pista de 4360 metros seja muito técnica e mantenha intatas as suas caraterísticas, as deficientes estruturas de apoio (bancadas, paddock, etc.), bem como a falta de financiamento e conflitos da proprietária com o Estado, levaram a que perdesse o lugar no calendário da F1 (embora algumas equipas ainda o utilizem para treinos).
A pista não perdeu qualidade, mas as infraestruturas, apesar de melhoradas em 2000, não correspondem ao exigido atualmente. É como um estádio com um relvado ao nível de clube grande, mas bancadas e estruturas de apoio de um clube da III divisão.
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Autódromo Internacional do Algarve
Inaugurado em outubro de 2008 e logo homologado pela FIA, a pista de 4692 metros do AIA apresenta vários desafios aos pilotos e as suas modernas infraestruturas qualificam-no para receber eventos importantes, com destaque para o GP de F1 e o Campeonato de Moto GP.
Incluído no calendário da prova-rainha do desporto automóvel em 2020 e 2021, a forte concorrência deixou-o de fora em 2022. Porém, está pronto a entrar em jogo se houver alguma desistência. Já em Moto GP, o AIA continua no calendário.
Na história da recente pista algarvia, destaques para o recorde de volta ao circuito (1m16.652s) obtido por Lewis Hamilton em 2020, com recorde de triunfos em corridas de F1 e, em Moto GP, a vitória, em novembro de 2020, de Miguel Oliveira.
Circuito Vasco Sameiro
Menos popular do que os dois primeiros, o Circuito Vasco Sameiro (ou Circuito Internacional de Braga) foi inaugurado em 1993.
Com uma extensão de 3020 metros, está homologado apenas para provas nacionais, mas já recebeu provas da Taça Europeia de Carros de Turismo e do Campeonato Europeu de Motociclismo.
Circuitos com história
Não é só em autódromos que se escreve a história do desporto automóvel em Portugal. Nos circuitos urbanos, o mais antigo e ainda no ativo é o Circuito Internacional de Vila Real, um percurso com atualmente com 4600 metros. Aí se disputa uma das etapas da Taça do Mundo de Carros de Turismo (WTCR).
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O circuito original, datado de 1931, tinha 7150 metros. Ao longo dos seus 91 anos de história, o Circuito de Vila Real conheceu muitos altos e baixos: por várias vezes, esteve quase a desaparecer, mas tem tido uma extraordinária resistência à extinção. Houve interrupções devido à II Guerra Mundial, depois intermitências, com destaque para a vitória do lendário piloto inglês Stirling Moss em 1958. Nova paragem até 1966, com a vinda da F3. Provas de resistência até 1973. Perda da licença internacional nesse ano. Regresso à vida em 1979 com provas nacionais até 1991, quando um acidente causou quatro mortes e levou ao cancelamento do circuito pelas autoridades. Após uma hibernação de 20 anos retornou ao ativo, mas só em 2015, com o WCTR, é que voltou ao pleno.
De 1958 a 1960 disputaram-se três GP de F1 em circuitos citadinos portugueses: dois na Boavista, no Porto; um em Monsanto, em Lisboa.
Com a saída da F1 do Estoril e o seu encerramento entre 1997 e 2000, a Base Aérea de Ota foi usada temporariamente para realização de provas dos campeonatos nacionais entre 1997 e 1999. Outro circuito tão antigo como o de Vila Real é o de Vila do Conde, que de momento está inativo, mas com movimentações para o recuperar.
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