Por um momento, coloquemos em pausa o discurso ambientalmente correto dos automóveis elétricos e híbridos, do downsizing de motores e das emissões zero. Mas, só por um instante. Porque neste artigo, com uma viagem à história de uma lenda da indústria, celebramos o sonho americano no seu extravagante esplendor, lembrando como é ouvir o trovejar de um motor V8 a deixar marcas de pneus no asfalto. Eis o Chevrolet Camaro, um “muscle car” genuíno. Quem quer ser civilizado, faça favor de encostar à berma…
O Chevrolet Camaro é muito mais do que um simples carro, é parte de uma cultura e ocupa um lugar único na história do automóvel nos Estados Unidos enquanto “muscle car” acessível: o brinquedo perfeito para qualquer amante de emoções ao volante que graças a um valor razoável pode aceder a um clube de culto. Ou seja, no fundo a resposta à letra da Chevrolet ao sucesso do eterno rival da oval azul, o Ford Mustang, que foi apresentado primeiro, no Salão de Nova Iorque de 1964.
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O Camaro chegou à estrada pouco depois, em 1966. O que quer dizer que vai a caminho de atingir a bonita idade de 60 anos. Ao longo das cinco anteriores gerações foram vendidas milhões de unidades deste desportivo único, até no nome…
Chevrolet “solta” animal perigoso
De acordo com os registos oficiais, Camaro foi o nome escolhido pela sua sonoridade agradável e que fica no ouvido, mas também pela falta de uma tradução direta, o que o tornava único e ao mesmo tempo memorável.
Foi, no entanto, uma escolha que surpreendeu muita gente no meio e, na conferência de apresentação do modelo, questionados pelos jornalistas, os responsáveis da GM sobre o nome responderam: “É um animal perigoso, que devora os Mustang.”
Perigoso ou não, o Camaro é um nome enraizado na cultura americana e um sucesso global, estimando-se que tenha participado em mais de dois mil filmes e séries de televisão.
1966: O nascimento do Camaro
O Camaro nasceu de um projeto que a Chevrolet manteve em segredo até à data da apresentação à comunicação social e referido com o nome de código Panther, que se acreditava que viria a ser o nome de um possível modelo para combater o sucesso do Ford Mustang.
O primeiro Camaro foi apresentado em 1966, já como modelo 67, e começou a ser vendido nos Estados Unidos em setembro daquele ano. Tinha oito diferentes opções de motor. Duas delas eram de seis cilindros em linha, enquanto todas as outras seis motorizações eram V8, com cilindradas que iam de 3,8 litros até um 7.0 com 325 cv de potência.
O objetivo era oferecer uma gama vasta de desempenho para corresponder a vários gostos e orçamentos. Na época, o modelo era comercializado nas versões Coupé e Cabrio, em três diferentes níveis de equipamento: RS, SS e Z28. Só no primeiro ano, no total das versões disponíveis, o Camaro vendeu mais de 100 mil unidades.
Um dos exemplares mais raros foi o COPO Camaro de 1969, um carro construído de raiz pela Chevrolet, que dominou as divisões de “dragsters” derivados de modelos de estrada durante muitos anos.
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Esta geração foi vendida até 1969, totalizando quase 270 mil exemplares comercializados em apenas três anos. Um verdadeiro sucesso.
1970: Evolução e desafios ambientais
Com a duração de 11 anos, a segunda geração do Chevrolet Camaro passou por mudanças drásticas devido às regulamentações mais rígidas em relação à segurança. Como resultado, estes carros receberam novos para-choques dianteiros, motores com potência reduzida e conversores catalíticos adicionados aos seus sistemas de escape.
Alguns pontos positivos resultantes das mudanças foram a melhoria da dirigibilidade e a economia de combustível. Os vidros elétricos e o ar condicionado passaram a figurar nas listas de extras do Camaro, que passava a disponibilizar a sua motorização mais potente apenas no SS 1970, a debitar 450 cv.
A segunda geração foi produzida até 1981 e o desportivo ainda era vendido nas três diferentes versões, embora a Z28 tenha sido descontinuada com o surgimento da crise do petróleo, no arranque da década de 70. Voltou ao catálogo apenas em 1977.
1982: Era do renascimento
Em janeiro de 1982, a Chevrolet apresentava a terceira geração do Camaro. Mais uma vez o carro foi totalmente remodelado, trazendo agora linhas mais quadradas e futuristas, inaugurando também a era dos motores com injeção eletrónica de combustível. Além de mais moderno, o Camaro também passou por uma dieta de emagrecimento: ficava 227 kg mais leve do que o modelo anterior.
O ano de 1992 foi o último da terceira geração do Camaro. E também marcava o aniversário de 25 anos do modelo. Com isso, a Chevrolet produziu a 25th Anniversary Heritage Edition, com detalhes de estilo exclusivos. Todos os modelos produzidos naquele ano receberam o emblema alusivo à comemoração no painel de instrumentos.
1993: O primeiro adeus ao Chevrolet Camaro
A quarta geração começou a ser vendida em 1993. Mantinha a mesma filosofia do Camaro de primeira geração, lançada em 1967: um coupé com 4 lugares, motor dianteiro e tração traseira. A novidade, além da adoção de linhas mais arredondadas, foi o relançamento da versão descapotável, em 1994.
A versão base do Camaro III vinha com um motor V6 de 3,4 litros com 160 cv ou um motor LT1 V8 com 275 cv, mas a mecânica não acompanhava o momento. Na virada do século, o Camaro estava a perder tração no mercado. O público começou o olhar o Camaro como arcaico. Pedia-se à Chevrolet que se concentrasse em novos modelos, e o Camaro apresentava-se como uma tentativa de se manter no passado.
Em resposta, a marca americana disse um primeiro adeus ao desportivo de quarta geração com o lançamento do Z28 SS, um modelo impressionante, que podia ir de 0 a 100 km/h em 5,2 segundos. O Camaro esteve em produção até 2002, marcando 35 anos de produção contínua.
2010: Regresso e afirmação
Após um hiato de oito anos, o Chevrolet Camaro foi trazido de volta em 2009 com um design retro inspirado no Camaro de 1969. O concept de quinta geração do Camaro foi apresentado no sucesso de bilheteiras de 2007, o filme “Transformers”, no qual o modelo dá corpo ao famoso Bumblebee.
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Os fãs do Camaro em todo o mundo pressionaram para que a Chevrolet trouxesse de volta o Camaro, e o modelo regressou com novo visual, mas também carregado de recursos de ponta.
Em 2012, o Camaro teve um sério aumento de potência com o lançamento do Camaro ZL1 Coupé com motor V8 a debitar uns impressionantes 580 cv. Em 2014, o modelo recebeu um último restyling.
2016: Modernização e dinâmica
A Chevy lançou a sexta geração do Camaro a tempo de comemorar o 50º aniversário do modelo original, lançado em 1967. O novo Camaro assenta na plataforma Alpha da GM, a mesma base do Cadillac ATS, com 70% das peças utilizadas a serem exclusivas do modelo de sexta geração. Isso dá ao Camaro uma notável superioridade dinâmica em relação ao modelo de quinta geração, bem como aos mais recentes Ford Mustang e Dodge Challenger.
Na gama, três opções básicas de motor: o V8 de 6,2 litros do C7 Corvette, com 455 cv de potência; um V6 de 3,6 litros com 335 cv; e um 2.0 litros de quatro cilindros capaz de debitar 275 cv de potência.
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A introdução da motorização de quatro cilindros é a tentativa da marca de alcançar um novo público que deseja a aparência exclusiva do Camaro, sem todos os recursos sob o capô.
Mesmo assim, a Chevy ainda investe em performance. No topo da gama, o ZL1 montava o motor LT4 V8 sobrealimentado com 650 cv de potência, para cumprir a medição de 0 a 100 km/h em impressionantes 3,4 segundos.
O sistema de escape desportivo surge como elemento de série e o setting ideal passa pelas novas definições permitidas através do Driver Mode Select, a permitir otimizar a resposta da direção, a entrega de potência e a suspensão para a melhor aderência e consequente velocidade de passagem em curva. Uma máquina de condução!
2024: Futuro eletrizante
A Chevrolet confirmou que vai deixar de produzir a atual geração do Camaro em janeiro de 2024, assinalando o acontecimento com o lançamento de um pack Collector’s Edition (disponível para os modelos RS e SS e também para o topo de gama ZL1). que homenageia o projeto Panther, na origem do Camaro original.
Mas o adeus à sexta geração não significará um ponto final na história do “muscle car” americano. Scott Bell, vice-presidente da Chevrolet, tranquilizou os fãs com a hipótese mais do que provável de contarmos no futuro com uma versão eletrificada do ícone. Ficando a dúvida se a estratégia da GM será mais uma vez seguir o caminho trilhado pela Ford, convertendo o Camaro num SUV…
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